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2005-11-03
Pesquisadores das companhias de seguro não têm dúvida de que existe uma correlação entre mudanças climáticas e a multiplicação dos furacões no mundo. Danos afetam economias nacionais e pessoas individualmente.

Até há pouco ainda era possível considerar apenas mau agouro os alertas de pesquisadores do clima e de ambientalistas. Agora, a multiplicação de furacões não deixa mais margem a dúvidas: no futuro, é preciso contar não apenas com um número crescente de tempestades, como também com prejuízos cada vez maiores.

Peter Höppe, diretor do Departamento de Pesquisa em Risco Geográfico da Münchner Rück, maior resseguradora do mundo, lembra que 2005 bateu todos os recordes em ciclones. Este ano já foram registrados 22 tempestades tropicais, uma a mais do que em 1933, considerado até agora o ano recordista. Entre eles, Wilma, o furacão mais violento de todos os tempos, bem como Rita, em quarto, e Katrina, em sexto lugar na escala.

–Só o Katrina causou prejuízos de mais de 100 bilhões de dólares para as economias nacionais e superiores a 30 bilhões de dólares para os assegurados–, afirma Höppe. –Isso corresponde aos prejuízos somados de quatro tempestades no ano passado, quando já se chegou a uma soma recorde. Se contarmos ainda os outros furacões, chegamos a mais de 50 bilhões em prejuízos para pessoas individualmente e 200 bilhões para as economias dos países afetados. Até agora, o ano mais caro em conseqüência de tragédias naturais tinha sido 1995, com o terremoto em Kobe, no Japão, mas 2005 está muito pior–, destaca.

Thomas Loster, diretor da fundação mantida pela Münchner Rück, acentua que a empresa parte do princípio de que existe uma correlação entre o efeito estufa e as tempestades. –É uma loucura que ainda haja quem negue a influência das mudanças climáticas sobre os acontecimentos–, admira-se Loster. –Justamente os pesquisadores dos Estados Unidos comprovaram que os furacões se tornam mais violentos num clima mais quente. A potência do vento aumenta. No ano passado, tivemos furacões muito fortes no Caribe. E as chuvas intensas na Alemanha, as enchentes na região do Elba e, antes, na região do Oder. São precipitações que aumentam em conseqüência das mudanças climáticas – e que precisamos observar com preocupação–, observa.

Para os peritos da Münchner Rück, não existe alternativa para o Protocolo de Kyoto, que prevê a redução dos gases causadores do efeito estufa. A esperança de Loster é que haja uma mudança na opinião pública nos Estados Unidos, país que se recusa a aderir ao acordo internacional. –Estou curioso. Acredito que o governo norte-americano também terá de rever sua posição. Não há como fugir a soluções como as estabelecidas pelo Protocolo de Kyoto. E na cabeça dos cidadãos norte-americanos já está ocorrendo uma virada–, afirma.

Especializada em catástrofes naturais, a Münchner Rück, existente há 125 anos, acumulou lucros de 1,8 bilhão de euros em todo o globo, em 2004. Este ano a empresa criou uma fundação que, entre outras tarefas, financia uma cátedra no Instituto do Meio Ambiente da Unviersidade das Nações Unidas em Bonn. (Deutsche Welle, 1º/11)

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