Pescadores artesanais manifestam apoio à fiscalização do Ibama em Rio Grande
2005-11-03
Mais de 200 pescadores artesanais de Rio Grande, São José do Norte e Pelotas, na
manhã de segunda-feira (31/10), fizeram uma manifestação de apoio ao Ibama por estar fiscalizando o cumprimento da Instrução Normativa 03 de 2004. Esta IN veda licença a uma embarcação para a pesca de duas espécies controladas e como as traineiras já têm licença para capturar sardinha, ficam proibidas de pescar corvina.
Munidos de faixas, eles fizeram um ato público ao lado do Centro de Pesquisas
(Ceperg) do Ibama, depois percorreram várias ruas da cidade, passando pela
Prefeitura Municipal, onde pediram o apoio do prefeito Janir Branco à luta da
categoria, e pelo escritório regional do Ibama. Muitos deles foram em seus barcos
até a região do Ceperg para a manifestação.
Nas frases escritas nas faixas, explicitavam os motivos da manifestação. Movimento dos Pescadores Profissionais Artesanais, Cooperativa de Pescadores Lagoa Viva, Sindicato dos Pescadores da Colônia Z-3. Parabéns Ibama , diziam em uma delas. Em outra ressaltavam: O pescador da Lagoa dos Patos quer respeito. A pesca de malha abastece as indústrias. A manifestação contou com pescadores das Colônias Z-1 (Rio Grande), Z-2 (São José do Norte) e Z-3 (Pelotas).
O coordenador do Fórum da Lagoa dos Patos e presidente do Sindicato dos Pescadores de Pelotas, Nilmar Conceição, disse que a categoria parabeniza o Ibama por estar fazendo cumprir a Instrução Normativa 03 de 2004, que proíbe as traineiras de
pescarem corvina. Segundo ele, há 9 mil famílias de pescadores artesanais dependendo desta pescaria na Lagoa dos Patos. E as traineiras, por atuarem com pesca de cerco, capturam cardumes inteiros fora da Barra e não sobra nada para os pescadores artesanais. – Nós esperamos a corvina chegar no estuário para pescar e eles [os das traineiras] vão atrás dela lá fora-, destacou. Em função disso, ele diz que as traineiras prejudicam o ciclo normal da corvina. – Elas já destruíram a pesca no Rio de Janeiro e em Santa Catarina. Depois vieram para cá. Não fazem pesca seletiva e, sim, proibida-, salienta Conceição.
O pescador artesanal Loredi Vinagre Borges, da Associação de Pescadores da São
Miguel (Apesmi), de Rio Grande, falou que a intenção é mostrar à sociedade que o
pescador artesanal e o industrial que usa malha (rede de espera) têm condições de
abastecer as indústrias de Rio Grande, deixando os impostos no Município. Conforme ele, os barcos que usam malha para pescar corvina geram muito mais empregos para Rio Grande e São José do Norte do que as traineiras, pois os pescadores são chamados para desmalhar os peixes. Acrescenta ainda que as traineiras desperdiçam pescado, uma vez que capturam quantidade maior que sua capacidade de carga e o que não podem transportar deixam morrendo no fundo do mar .
O pescador Giovane Tavares salienta que os peixes capturados pelas traineiras não são beneficiados aqui. São levados para Santa Catarina e geram emprego lá. A maior parte sai in natura daqui . A manifestação teve a participação de dois
vereadores de Rio Grande e dois de São José do Norte. Na última quinta-feira (27/10), donos de traineiras e pescadores que nelas atuam fizeram protesto em frente ao portão principal do Porto Velho por não poderem atuar na pesca de corvina. (Jornal Agora, 01/11)