Desafio do Amazonas será atender saúde do trabalhador da floresta
2005-11-01
Influenciar o processo de construção de políticas públicas que garantam a saúde do trabalhador da floresta será o principal desafio dos 20 delegados que representarão o Amazonas na 3ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador, prevista para novembro em Brasília. A afirmação é da coordenadora estadual de Saúde do Trabalhador da Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas (Susam), Laura Jane Brasil da Silva.
— No Sul e Sudeste do país a gente tem muito trabalhador no setor industrial. E aqui a gente só tem indústrias no pólo da capital. Mas a gente tem o trabalhador do campo, da pesca, do extrativismo. Então, o desafio é fazer com que essa nossa cultura regional seja levada em consideração-, declarou.
Segundo Laura Jane, não há estatísticas que revelem quantos são esses trabalhadores e quais os problemas de saúde que eles enfrentam. —Precisamos diagnosticar eficazmente essa realidade para implantar ações voltadas ao trabalhador da floresta. No Pólo Industrial de Manaus, sabemos que o operário das indústrias de montagem é acometido por lesões por esforço repetitivo (LER) e por lesões induzidas por ruídos. Mas os pescadores também contraem LER e são vítimas de acidentes de trabalho com animais peçonhentos, por exemplo-, argumentou.
Os 20 delegados do Amazonas foram eleitos na 1ª Conferência Estadual de Saúde do Trabalhador, realizada em Manaus de 1º a 4 de outubro, com a presença de 140 representantes de 23 municípios. — Trinta municípios realizaram conferências municipais, mas sete não enviaram representantes. A gente discutiu na conferência estadual as propostas enviadas pelos municípios. E elegeu os delegados para a 3ª Conferência Nacional. Dos 20 eleitos, cinco representam os gestores; cinco, os trabalhadores; e dez, os usuários-, explicou Laura Jane.
A coordenadora contou ainda que três eixos de discussão nortearam os debates, tanto das conferências municipais quanto da estadual: como garantir a integralidade e a transversalidade da ação do estado na saúde do trabalhador; como incorporar a saúde do trabalhador nas políticas de desenvolvimento sustentável no país; e como efetivar e ampliar o controle social em saúde do trabalhador.
— O mais discutido aqui no Amazonas foi o primeiro eixo. Entre as propostas que levaremos à Conferência Nacional estão: interligar as ações dos ministérios da Saúde, Previdência Social, Trabalho e Meio Ambiente; e realizar palestras e seminários voltados ao tema da educação ambiental e da saúde do trabalhador, apresentando alternativas de tratamento do lixo, por exemplo-, concluiu. (Agência Brasil, 31/10)