Japão quer ver todas as nações no acordo pós-Kyoto
2005-11-01
O Japão quer que todas as nações, incluindo os Estados Unidos e a China, comprometam-se num próximo acordo para combater as alterações climáticas, depois do Protocolo de Kyoto. A informação foi dada no final da semana passada pela ministra japonesa do Meio Ambiente, Yuriko Koike. O pedido ocorre às vésperas de representantes de 150 países encontrarem-se em Montreal para debater o futuro da luta contra as mudanças climáticas depois de 2012.
O Japão, ao mesmo tempo em que se esforçar para cumprir a sua meta de redução das emissões de gases de efeito de estufa (GEE), sustenta que o impacto que causa sobre a Terra é muito pequeno se comparado ao da China, o segundo maior produtor mundial de GEE, depois dos Estados Unidos. As negociações de Montreal, que se iniciam neste mês de novembro, deverão centrar-se numa nova forma para trazer ao compromisso os países que não ratificaram Kyoto, como os Estados Unidos, e as economias emergentes cujo crescimento apresenta um grande ônus ambiental, como a China e a Índia.
–As alterações climáticas não são algo que possa ser combatido pelo Japão ou pela Europa–, disse Koike, ministra do Ambiente desde 2003. –É essencial que todo o mundo reduza as emissões–, acrescentou. – Se a China emite largas quantidades de dióxido de carbono à medida de que se desenvolve economicamente, isto terá um impacto para o ambiente de toda a região–, assinalou. – Isto não afeta apenas o clima, mas também a atmosfera e a água–, disse
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Para aumentar a cooperação, o Japão tornou-se, em julho, um dos seis países – com Estados Unidos, China, Austrália, Índia e Coréia do Sul – a formar a Parceria Ásia-Pacífico para o Desenvolvimento Limpo e Clima. Os críticos acusam a iniciativa de ser uma distração pensada pelos Estados Unidos para ameaçar as negociações do pós-Kyoto em Montreal.
Mas Koike garante que não há contradições na participação do Japão, apesar de ter recebido, em 1997, a conferência que produziu o Protocolo de Kyoto. –Para nós, esta é apenas outra forma de parceria que ajuda a promover o diálogo e a troca de tecnologia, e isto é algo que vamos salientar em Montreal–, afirma.
O Japão, que se comprometeu a reduzir as suas emissões em 6% em relação aos níveis de 1990, regista um aumento global de emissões de 8%. Koike garante que o país conseguirá chegar aos seus objetivos, mas reconhece a grandeza do desafio, especialmente nos setores de transportes e habitação, nos quais as emissões aumentaram 28,8% sobre as de 1990. –Quanto mais confortável se torna uma casa, mais dióxido de carbono emite–, disse a ministra. –Precisamos alterar a forma de pensar das pessoas para que isto deixe de ser verdade–, acrescenta.
(Fonte: Reuters, 29/10)