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2005-11-01
Os mais de 600 lagos do continente africano estão sob ameaças sem precedentes devido ao aumento das populações e devem ser mais bem geridos, sob pena de a falta de água acabar em instabilidade, alertou ontem (31/10) um relatório das Nações Unidas. Alguns lagos estão diminuindo de extensão devido ao desflorestamento, às alterações climáticas e às más práticas agrícolas, prova de que é necessária uma cooperação transfronteiriça para garantir o acesso à água, considera o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (Pnuma).

O relatório –Lagos de África: um Atlas da Alteração Ambiental–, baseado numa comparação de imagens de satélite dos lagos africanos com várias décadas de intervalo, foi divulgado na abertura de uma conferência internacional sobre lagos em Nairobi, no Quênia. O Lago Vitória, o maior do continente, baixou um metro na década passada, salienta o relatório. O documento regista também os casos do lago Songor (Gana), do lago Chade e do rio Zambezi, depois da construção da barragem de Cahora Bassa.

Os especialistas afirmam que num continente onde a maioria das pessoas não tem acesso a água potável, o estudo deverá ser visto como um aviso sobre a necessidade de reforçar as políticas ambientais. –A água potável da África, incluindo dos lagos, está ameaçada pela degradação dos recursos hídricos através da poluição, degradação ambiental e desflorestamento–, avança o relatório.

O estudo aponta o aumento populacional na África como –a principal causa de degradação e poluição da maioria dos lagos africanos–. Segundo as Nações Unidas, dois terços das populações rurais e um quarto das populações urbanas na África não têm acesso a água potável nem a saneamento básico.

–A gestão sustentável dos lagos africanos deve fazer parte da equação. De outra forma, enfrentamos tensões e instabilidade crescente, numa altura em que populações cada vez mais numerosas competem pelo mesmo recurso essencial à vida–, alertou Klaus Toepfer, diretor-geral do Pnuma. Cerca de 90% da água na África são utilizadas para a agricultura. Mas deste percentual, entre 40% e 60% perdem-se antes de chegar ao destino. (UNEP, 31/10)

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