Norton de Oliveira Nascimento, de 7 anos, olhou para o mosquito da dengue e se lembrou da lição:

— Não podemos deixar a água parada.

No sábado, ele e a mãe, Sandra Ferreira, saíram do bairro Dom Cabral, na região Noroeste de Belo Horizonte, e foram ao Parque Municipal, onde está estacionado o Ecomóvel, uma carreta de 13 metros – com amostras de animais considerados pragas urbanas, como mosquitos, ratos e baratas –, que leva educação ambiental e noções de saúde pública a diversos espaços.

O controle das pragas, as doenças que elas transmitem e a importância da higiene pessoal são temas apresentados aos visitantes do Ecomóvel, que fica até as 17h de hoje no parque. Depois de observar diversos animais, Norton disse que costuma vigiar os vasos de plantas da casa da avó, para ver se há água acumulada. Ele sabe que na época das chuvas é preciso ficar mais atento ao combate de insetos que se reproduzem em água parada, como o mosquito da dengue, por exemplo.

De acordo com o representante do ONG Alto Astral, responsável pelo projeto, Márcio Portugal, há uma média de 200 baratas e de oito a dez ratos para cada habitante das áreas urbanas. As pragas também são responsáveis por 50% das contaminações alimentares e estão relacionadas a cerca de 200 tipos de doenças, na maioria dos casos como vetor ou hospedeiro. Nas zonas rurais, cerca de 30% da produção agrícola é comprometida pelo ataque das pragas.

Além da exposição de insetos, escorpiões e roedores, a apresentação inclui a exibição de um vídeo educativo. Na saída, os visitantes recebem uma revista sobre educação ambiental. O objetivo é sensibilizar as pessoas a se envolverem nas campanhas de prevenção e manterem boas práticas de higiene pessoal, como lavar as mãos depois de usar o banheiro e antes das refeições.

O público-alvo do projeto são estudantes. O Ecomóvel percorre escolas públicas e particulares com o objetivo de levar aprendizado e fazer do aluno um agente de saúde, multiplicador de informações. A idéia é ter dez veículos circulando pelo país. Um deles ficará em Minas. O projeto, que já levou informações sobre saúde pública, meio ambiente, qualidade de vida e controle de pragas urbanas a mais de 60 mil pessoas, em outros três estados, chegou ontem a BH.

Pesquisa
A ONG Alto Astral, do Rio, tem em seu site (www.altoastral.org.br) um banco de dados disponível para pesquisas e informações em geral. São quatro frentes de atuação: saúde, meio ambiente, vigilância sanitária e educação. A organização é apoiada pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo estatísticas, contaminações de alimentos e água matam mais que problemas cardíacos e aids no Brasil. (Estado de Minas, 30/10)