Cresce a tensão entre Argentina e Uruguai pela instalação de fábricas de papel
2005-10-31
A tensão entre o governo argentino e a administração de Tabaré Vázquez, no Uruguai, deu um salto na tarde de ontem (30/10). O chanceler Rafael Bielsa chamou para consulta o embaixador argentino em Montevidéu, horas depois que o governo uruguaio tomasse igual decisão com seu representante em Buenos Aires, segundo informações oficiais. O disparador da polêmica esteve nas declarações do governador de Entre Ríos, Jorge Busti, consideradas como –um agravo– pelos uruguaios.
Bielsa adotou a medida após saber que o chanceler uruguaio Rainaldo Gargano havia chamado seu embaixador Francisco Bustillo Bonasso, como conseqüência de declarações de Busti, consideradas graves pelo governo uruguaio. O chanceler argentino encontrava-se ontem (30/10) reunido com Patiño Mayer na sede do Ministério das Relações Exteriores.
Ontem, Busti deixou escapar que –no máximo há algum incentivo–para que o governo uruguaio defenda a instalação das duas plantas de fabricação de papel em Fray Bentos, que são consideradas altamente contaminantes por organizações sociais do lado argentino.
Diante disto, Gargano considerou que –temos que conhecer a opinião do governo argentino, se comporta as declarações do senhor governador de Entre Ríos, que constituem um agravo–. Trata-se, acrescentou, de –um agravo não apenas ao governo da República Oriental do Uruguai, mas também ao conjunto de forças políticas do Uruguay, que têm estado, como vocês sabem, formando um só bloco com o governo em torno do tema da instalação dessas plantas–.
Busti, disse o chanceler uruguaio, –ao comentar o tema, ultrapassou certos limites que o governo uruguaio considera não convenientes para as boas e amistosas relações que mantemos com o governo da República Argentina–.
Por esse motivo, foi chamado em Montevidéu o embaixador em Buenos Aires, o que significa uma escalada na disputa que mantêm ambos os governos em torno da projetada instalação das chamadas papeleiras.
Além disto, Gargano advertiu que seu governo –sempre tratou o tema com total respeito em relação às autoridades argentinas, ignorando, até agora, os comentários que fizeram muitos de seus representantes.
Por sua vez, o vice-governador de Entre Ríos, Guillermo Guastavino, recordou ontem (30/10) que o próprio presidente Néstor Kirchner respaldou novamente a luta de organizações sociais locais contra a instalação das empresas, quando, na última quinta-feira (27/10), reuniu-se com Busti. (Clarín, 30/10)