Gripe aviária pode chegar à África em semanas, alerta FAO
2005-10-28
A gripe aviária deve chegar ao Oriente Médio e à África dentro das próximas semanas, de acordo com o Fundo da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
As primeiras aves migratórias já estão chegando a suas áreas tradicionais onde passam o inverno e podem potencialmente transmitir o vírus causador da doença para as aves locais.
Comunidades próximas a lagos no Vale Rift, que vai de Moçambique ao Mar Vermelho, correm mais risco de contrair a doença.
Um artigo publicado na revista Nature adverte que, nessas comunidades, o frango faz parte da base da alimentação. Por isso, se for necessário o sacrifício desses animais, o impacto econômico sobre a área será devastador.
Cientistas dizem que o impacto da doença no Oriente Médio e na África pode ser ainda maior do que o sofrido na Ásia.
A propagação do vírus na África possivelmente tornaria o mal endêmico, porque poucos países no continente estão aptos para realizar testes e constatar a presença do vírus H5N1, diz o artigo.
O texto diz também que as difíceis condições do terreno, baixa escolaridade e falta de monitoramento de aves contaminadas poderão agravar ainda mais o problema com a chegada da gripe aviária na África.
E ele conclui que tentar conter o vírus é, portanto, vital neste momento porque, se aves migratórias infectadas voltarem para o Hemisfério Norte na primavera, a febre aviária pode ser propagar rapidamente, o que faz com que aumentem as chances de que sofra uma mutação e surja uma versão transmissível entre seres humanos.
Países no Oriente Médio aumentaram o monitoramento e planejamento para possíveis surtos. O diretor do serviço médico do Quênia, James Nyikal, lançou uma campanha de conscientização pública na semana passada.
O diretor de recursos animais e prevenção de doenças de Uganda, William Olaho, disse: –A coisa está séria e nós suspendemos totalmente a importação de frango e ovos até que a situação se normalize–. Autoridades de nações da África Oriental devem se reunir no próximo mês em Ruanda para desenvolver uma estratégia regional para enfrentar a gripe aviária. (BBC, 27/10)