Babaçuais estão ameaçados pela degradação do homem
2005-10-27
Quebradeiras de coco babaçu, reunidas em audiência pública nessa terça-feira, 25/10, no Centro de Convenções de Teresina, denunciaram que a degradação ambiental provocada pelos grandes projetos agrícolas, como o agronegócio da soja e a pecuária extensiva, aliada à ação predatória do homem, estão devastando os babaçuais no Piauí, Maranhão, Tocantins e Pará.
Durante o evento, que contou com aproximadamente 250 participantes, foi lançada a Campanha das Quebradeiras de Coco pela Preservação dos Babaçuais, que vai envolver os estados do Piauí, Tocantins, Maranhão e Pará para denunciar a devastação das palmeiras para plantação de outras culturas.
Apesar da reação adversa de alguns parlamentares que consideraram o assunto pequeno para ser motivo da convocação da audiência, as denúncias feitas durante mais de quatro horas de debate provaram o erro de interpretação.
A deputada Flora Izabel (PT) lamentou que poucos deputados tivessem comparecido à audiência para discutir um tema tão importante, como o destino de mais de 400 mil mulheres que vivem da quebra do babaçu, das quais 50 mil só no Piauí.
A campanha lançada ontem denuncia que os 18 milhões de hectares da região ecológica dos babaçuais estão em risco, por conta da ação destruidora do homem.
— Essa área tem sofrido várias formas de degradação e impactos ambientais constantes provocados pela extração de ferro guza e pelo cultivo intensivo da soja, eucalipto e cana de açúcar, sem mencionar a pecuária extensiva. A intensidade desse processo tem sido responsável pela desestruturação econômica de 400 mil famílias extrativistas, que vivem da coleta e da quebra do coco para extração das amêndoas para comercialização - denuncia o documento divulgado pelo Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB).
— O aproveitamento integral do babaçu, com a quebra do coco para extração da amêndoa e da utilização das cascas do coco para a produção de carvão, é responsável pelo sustento de milhares de famílias nos estados onde existem essa palmeira. Do babaçu se produz azeite, óleo, sabonete, carvão, farinha do mesocarpo, que são comercializados no país e até vendido para o exterior. Nos últimos três anos, a atividade das quebradeiras de coco vem sendo ameaçada pela devastação dos babaçuais para exploração da agricultura e da pecuária - reclamou Flora Izabel. (Meio Norte – PI, 26/10)