Finlândia terá novo reator nuclear
2005-10-27
O deputado Mikko Elo, do Partido Social Democrata finlandês, fez retornar à discussão de 2002 sobre a construção do primeiro reator nuclear na Europa em mais de uma década. Ele sabe muito bem o que significa a defesa da energia nuclear na Europa. A nova unidade deve ter sua construção completa em 2009.
– Precisamos de muita energia na Finlândia–, afirma Elo, ao defender o reator Olkiluoto 3. – Temos um clima frio na Finlândia, longas distâncias a percorrer e uma indústria intensiva em energia–, justifica.
Segundo Elo, os finlandeses fazem bom uso de quase todas as formas de produção de energia. – A energia hidrelétrica, o carvão, o gás natural e a madeira, todos têm seu papel–, assinala. – Mas se queremos mesmo ajudar nossa economia, bem como nosso meio ambiente, temos que ter mais energia nuclear–, defende.
Atualmente, a energia nuclear responde por 28% da eletricidade na Finlândia. Quando o quinto reator estiver funcionando, ela comporá 34%. – Nós simplesmente não poderíamos honrar nossos compromissos com o Protocolo de Kyoto sem ela–, afirma o deputado.
O Protocolo de Kyoto tem um custo incrível para a Finlândia. – Nossas fábricas são limpas e utilizamos a energia de modo eficiente, mas não é suficiente–, destaca Elo. A Alemanha, afirma, atualmente planeja fechar todos os seus reatores nucleares até 2020. — Mas o ministro do Meio Ambiente, Jurgen Trittin, não explica por que ele defende o fechamento das usinas nucleares no país–, aponta Elo. – Nós não podemos fazer frente aos custos de Kyoto sem a ajuda da energia nuclear, que é uma forma de energia extremamente limpa.
De acordo com Elo, as fontes nucleares também trazem benefício econômico significativo ao país. Diferentemente de outros provedores de energia, a do tipo nuclear não requer subsídios estatais, o que significa que o público não precisa pagar taxas extras por elas. – É também um grande empregador. Em meu mandato, há muito pouca oposição à energia nuclear. E isto ocorre parcialmente pelos benefícios econômicos que ela traz–, diz.
A Finlândia tem hoje a seguinte composição em termos de suprimento energético: 25,1% nuclear, 16,9% hidrelétrica, 18,2% carvão, 11,7% biocombustíveis, 11,7% gás natural, madeira (lenha) 7,5%, 5,6% energia importada, 2.1% petróleo, 1,2% resíduos de combustíveis. A nova unidade nuclear vai empregar em torno de 300 a 400 pessoas depois de ser concluída.
– De fato, existem problemas com a energia nuclear os quais precisamos entender. A questão da disposição dos resíduos é uma delas, e ainda há riscos de acidentes e terrorismo–, afirma o deputado. – Decidimos dispor todos os nossos resíduos, embora não iremos aceitar resíduos de outros países. Nossos especialistas nos informaram que as rochas finlandesas são muito boas para a disposição de resíduos nucleares – e eu acredito em nossos engenheiros –, assinala Elo. –Até onde entendo, há muito pouco risco envolvido.
Com relação ao medo, ele disse que ele apenas aumentará se a questão da energia nuclear não for discutida publicamente. –Todos os nossos reatores estão cuidadosamente guardados, mas não podemos observar o terrorismo como um grande risco na Finlândia. Sei que há um grande temor em Londres, mas não é o mesmo na Finlândia.
Contudo, segundo o deputado, isto não quer dizer que não haja preocupação pública. Embora 90% da população seja a favor da energia nuclear na capital, o mesmo não se aplica em nível nacional. Existem redutos da nação em que a oposição ainda é maioria. –Acho que a melhor maneira de lidar com a opinião pública e ser muito aberto com respeito às vantagens e desvantagens da energia nuclear–, atesta.
Elo diz notar que, na Grã-Bretanha, os políticos não queriam discutir a energia nuclear antes das eleições. — Mas eu não penso que seja uma boa idéia. Na Finlândia, antes das eleições de 1999, quando a energia nuclear recém era tópica, constituía uma questão que polarizava a atenção de todos os candidatos. Acredito que o medo vai crescer se não levarmos isto a público–, insiste.
Para o deputado, não é bom ficar de costas para o povo. –E eu verdadeiramente acredito que quanto mais pessoas entenderem a energia nuclear, menos vão se opor a ela. Olhando mais adiante, penso que a energia nuclear vai se tornar mais proeminente ao redor do mundo. Se você se preocupa com a mudança climática, então não há outra alternativa economicamente ou ambientalmente estável à energia nuclear–, conclui. (Fonte: BBC News, 21/10)