Glaciologista atesta derretimento das calotas do Ártico por causas humanas e naturais
2005-10-27
Em 1969, Roy Koerner, um glaciologista do governo canadense, foi um dos quatro homens e 36 cães que completaram a primeira travessia do Oceano Ártico, do Alasca até o Pólo Norte norueguês. O brilho do oceano Ártico reflete a luz do sol, mas o aquecimento está em progresso. Enquanto o gelo derrete, a água que se forma apenas amplia a tendência ao aquecimento.
Agora, segundo Koerner, tal travessia seria impossível: não há gelo suficiente. Em setembro, a área coberta por gelo marítimo chegou ao seu mais baixo recorde . –Vejo como se fosse um mundo diferente–, assinala Koerner. –Recentemente revi uma proposta de fazer a travessia outra vez– explica.
Aos 73 anos, Koerner, conhecido como Fritz, ainda faz longas caminhadas regulares nos antigos glaciais. Segundo ele, tudo indica que que o aquecimento do Ártico que começou no final do século passado é uma forma diferente de ver o aquecimento de eras passadas.
Muitos cientistas dizem que levou um longo tempo para eles aceitarem que o aquecimento global – parcialmente como resultado da presença de dióxido de carbono e outros gases estufa na atmosfera – pudesse afundar o manto de gelo do Ártico. Mas muitos desses mesmos cientistas concluíram que o momento por que passa a humanidade, que está por trás de fenômenos naturais, combina-se com as tendências de ampliar a mudança, colocando o Ártico em um ponto de não retorno.
O leve aquecimento e derretimento das últimas décadas é visto por muitos especialistas como resultado de um misto de causas humanas e naturais. Mas um recente conjunto de simulações feitas por computador sobre a mudança climática, realizado por meia dúzia de centros de pesquisa pelo mundo mostra que, no futuro, a influência humana dominará entre as causas da mudança climática. Entre elas estão as simulações realizadas pelo Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas de Boulder, Colorado. (NY Times, 26/10)