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2005-10-27
Por Carlos Matsubara, de Rio Grande
O comandante do Guarita , Francisco da Rosa, 45 anos de experiência na navegação e transporte de cargas perigosas pelos portos brasileiros se prepara para desembarcar algumas toneladas de MTBE, conhecido também como metil tercio butil eter no Terminal Petroquímico Copesul em Rio Grande, litoral sul gaúcho.

O que o velho lobo-do-mar não esperava naquela manhã era ouvir o escandaloso alarme de emergência do navio ser disparado. Eram nove e meia, e um rompimento do mangote (mangueira usada para retirar o produto do navio) provocou o vazamento de dois mil litros do solvente no mar.

O pessoal de bordo se prepara para controlar o acidente que pode acarretar num verdadeiro desastre ambiental. O MTBE é um tipo de aditivo que rapidamente se mistura a água. Seu uso é proibido no país e a Copesul o fabrica para exportar para os americanos usarem misturado a gasolina. Muito mais poluente do que o álcool utilizado no Brasil, mas americanos, bem, os americanos não parecem estar muito incomodados com isso.

Para piorar a situação, as nove e quarenta uma ignição no convés provoca um incêndio no navio. As Brigadas de Incêndio do Porto entram em ação. O que parece uma correria a bordo é, na verdade, a execução de procedimentos padrão. Dois tripulantes do navio são feridos gravemente. Alex Petter, de 36 anos tem queimaduras leves, é socorrido e passa bem. Já Paulo Roberto Pontes, de 54, além das queimaduras, é jogado a metros de distância e sofre uma parada cardio-respiratória.

A rapidez das equipes de socorro impressiona. Em minutos ambos são colocados em uma lancha e levados à terra firme. Uma ambulância os leva para o hospital. Estão a salvo. Às onze, equipes da Copesul, Capitania dos Portos do Rio Grande do Sul e o Plano de Auxílio Mútuo Marítimo (PAMM) conseguem conter o vazamento e o incêndio.

Simulação
Calma leitor, tudo não passou de uma mentirinha. O que aconteceu de verdade foi uma simulação de emergência marítima com danos ambientais e ocorrência de vítimas que movimentou a manhã de ontem no Terminal Petroquímico Copesul, em Rio Grande. Coordenado pelo Capitão dos Portos do Rio Grande do Sul, Delphos Policarpo Damião, a Copesul, a Capitania dos Portos e o PAMM realizaram das 9h às 11h um exercício simulando um incidente durante uma operação de descarregamento de um navio transportando MTBE.

O vazamento, na verdade, não passou de laranjas velhas jogadas (e recolhidas) ao mar. E o fogo no navio, papelão vermelho. As vítimas foram sorteadas previamente entre a tripulação para atuarem como feridos. — Pra essas coisas sou sorteado-, brinca Paulo Roberto, que na hora do pega pra capá foi substituído por um boneco.

Ainda participaram da simulação, a Fepam, Ibama, Brigada Militar, Corpo de Bombeiros e a Fundação Universitária de Rio Grande (FURG), além de outras instituições e empresas. O objetivo do simulado é testar os procedimentos de resposta a emergências do Terminal Marítimo da Copesul, do navio Guarita e do PAMM.

Terminal Petroquímico Copesul
O terminal da Copesul em Rio Grande opera desde 1983 na importação de matérias-primas e exportação de petroquímicos líquidos (benzeno, tolueno, MTBE, C7C8 aromático, C9, metanol, nafta) e gasosos (GLP, buteno-1). A capacidade de tancagem é de 40 mil metros cúbicos para produtos líquidos e 22 vasos para gases, com capacidade de 2,4 mil metros cúbicos. O píer da empresa opera com navios de até 200 m de comprimento (LOA), 32 pés de calado e 65000 DWT.

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