Congresso em Gramado discute proteção ao meio ambiente
2005-10-27
Discutir e ampliar as estratégias institucionais para a proteção do meio ambiente.
Este é o tema central do Encontro Estadual do Ministério Público, que reúne
Promotores e Procuradores de Justiça, além de especialistas na área ambiental de
todo o país. O evento, que teve início ontem (26/10) e vai até sexta-feira (28/10),
acontece na cidade de Gramado, na serra gaúcha. Aproximadamente 200 integrantes do
Ministério Público gaúcho participam das atividades.
Durante a tarde de ontem (26/10), antecedendo a abertura oficial do Encontro,
ocorreu uma reunião com os coordenadores dos Centros de Apoio Operacional do Meio
Ambiente de 17 estados brasileiros. A reunião foi conduzida pela Presidente do
Instituto O Direito por um Planeta Verde , Silvia Cappelli. Na oportunidade,
foram apresentadas propostas visando um trabalho integrado entre as Promotorias,
além das experiências que deram certo em alguns estados e que podem ser usadas de
modelo para novos projetos.
Promotor de Justiça de Tocantins, José Maria da Silva Júnior, expôs a necessidade de
todos os Ministérios Públicos terem suas assessorias técnicas. Apresentou um estudo
no qual a perícia é o principal instrumento de prova utilizadas nas ações cíveis e
criminais. A utilização do site da Associação Brasileira do Ministério Público do
Meio Ambiente para a discussão de temas comuns para todas as promotorias foi um dos
avanços desta reunião. A partir de agora, todas as propostas passarão a ser
analisadas coletivamente através do site da ABRAMPA.
TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO
Da Bahia, o Promotor de Justiça, Carlos Marthel Guanais Gomes, destacou como exemplo
de trabalho integrado o realizado entre os Ministérios Públicos Estadual e Federal
dos estados da Bahia, Minas Gerais, Alagoas, Pernambuco, Sergipe, Distrito Federal e
Goiás. O resultado foi a criação, em 2001, da coordenadoria interestadual das
Promotorias de Defesa da bacia do Rio São Francisco.
Na recente discussão sobre transposição da bacia, disse ele, ficou clara a união
entre os estados. Ao mesmo tempo que Minas Gerais entrava com ações, Bahia, Sergipe
e outros também agiam da mesma forma.
Para Guanais, o Ministério Público, por ser uma instituição apolítica, não
discute o mérito da transposição, mas sim a forma como ela está sendo conduzida .
Explica que a discussão está centrada unicamente nas ilegalidades cometidas pelo
governo federal no processo de implementação do projeto. – Os relatórios do estudo
de impacto ambiental são absolutamente insuficientes, fracos e com lacunas
gigantescas. Como que não se faz uma análise sobre a caatinga se o todo o canal
vai passar pelo meio dela? O próprio relatório mostra que não existem estudos
suficientes para comprovar qual vai ser o impacto da obra na caatinga. Não poderiam
ter subsidiado uma licença prévia ou de construção nestas condições-, diz ele.
Conclui afirmando que o que os Ministérios Públicos estão discutindo, é a
nulidade deste projeto .
Do Encontro Estadual do Ministério Público que termina na sexta-feira (28/10),
sairão propostas para harmonizar a atuação das promotorias. Elas começam a ser
discutidas em oficinas a partir de hoje (27/10). (MP, 26/10)