África deve ser próxima região afetada por gripe aviária
2005-10-27
Especialistas pevêem que a África será a próxima região atingida pelo vírus H5N1, causador da gripe aviária.
A Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO) diz que os pássaros migratórios podem levar a gripe aviária para o Oriente Médio e o leste da África em semanas.
Um artigo publicado nesta quarta-feira (26/10) na revista Nature adverte que as conseqüências sanitárias e econômicas podem ser ainda piores do que para o sudeste asiático.
Os países do Oriente Médio estão monitorando os pássaros migratórios e alguns países africanos proibiram a importação de aves de partes da Ásia atingidos pela gripe aviária.
O diretor do serviço médico do Quênia, James Nyikal, lançou uma campanha de esclarecimento na semana passada, dizendo: –Fortalecemos a vigilância sanitária para cuidar do vírus da gripe se ele aparecer–, destacou.
O diretor de recursos animais e prevenção a doenças de Uganda, William Olaho, disse: –As coisas são sérias e nós estamos parando totalmente as importações de carnes de aves e produtos derivados até que a situação se normalize–.
Especialistas acreditam que as comunidades rurais no entorno dos lagos da região do vale do Rift, no leste da África, que dependem fortemente do consumo de aves para sobreviver, seriam mais atingidas.
–O impacto na África será dramaticamente diferente do impacto sobre a Europa–, disse Ward Hagemeijer, da organização conservacionista Wetlands International, da Holanda.
Lea Borkenhagen, gerente de desenvolvimento para a organização de caridade internacional Oxfam, acrescentou: –A perda das aves teria um efeito devastador sobre a qualidade de vida na área–.
A descoberta de cada novo foco também aumenta a chance de o vírus H5N1 sofrer uma mutação e se espalhar facilmente entre humanos, gerando uma pandemia. Se isso acontecer, os especialistas prevêem que poderia haver entre 2 milhões e 50 milhões de mortes em todo o mundo.
O artigo da Nature diz que há preocupação de que não se está fazendo o suficiente para prevenir a gripe aviária na África. O texto diz que poucos países na região têm sistemas em funcionamento para fazer testes para detectar o H5N1.
Especialistas em ornitologia do Quênia, junto com cientistas americanos e egípcios, começaram na sexta-feira (21/10) a testar as aves migratórias na região do vale do Rift, no Quênia, para detectar a possível presença do vírus H5N1. –Os pesquisadores continuarão a vigiar os pássaros com rotas migratórias até março para ver se eles têm o vírus–, disse Muchane Muchai, chefe do Museu Nacional do Quênia.
As nações do leste africano se reúnem no mês que vem em Ruanda para desenvolver uma estratégia regional de combate à gripe aviária. (BBC, 26/10)