Eletrobrás investe em hidrelétricas
2005-10-26
A Eletrobrás negocia a compra das participações da Votorantim Cimentos e da fabricante de alumínio Alcoa nas hidrelétricas de Salto Pilão, em Santa Catarina, em Serra do Facão, em Goiás. A idéia, afirmou ao Valor o presidente da Eletrobrás, Aloísio Vasconcelos, é que as usinas continuem majoritariamente privadas, e que a estatal federal entre com 49% de participação nas sociedades. Votorantim Cimentos e Alcoa são sócias nas duas usinas. Os projetos demandarão um investimento de aproximadamente R$ 400 milhões cada.
Em Serra do Facão, usina de 210 megawatts (MW), a Alcoa é a maior acionista do projeto, com 50,4% de participação, e deverá diminuir a sua fatia, para entrada da Eletrobrás por intermédio da sua subsidiária Furnas. O consórcio Já em Salto Pilão, hidrelétrica de 181 MW, a Eletrobrás deverá entrar na sociedade por meio da sua controlada Eletrosul. Nesse caso, a Votorantim Cimentos, com 73% do projeto, deverá ceder parte de sua sociedade à estatal. Os consórcios ainda não estão totalmente fechados, segundo Vasconcelos, mas as discussões estão em fase adiantada.
A Votorantim Energia, por meio de sua assessoria, disse desconhecer negociações com a Eletrobrás.
— A Eletrobrás mudou sua posição. Está mais pró ativa e quer garantir que os investimentos sejam retomados, com objetivo de garantir o suprimento de energia até 2009 - disse. O presidente da Eletrobrás disse que tanto Serra do Facão quanto Salto Pilão já possuem licença ambiental prévia expedida pelos órgãos ambientais.
Além disso, Vasconcelos disse que a Eletrobrás está finalizando a aquisição da parte da Companhia Vale do Rio Doce na hidrelétrica de Foz do Chapecó, também em Santa Catarina. O negócio será feito por meio de Furnas e Eletrosul, suas subsidiárias.
A Eletrobrás pretenderá ainda fazer lances para pelo menos 10 projetos no próximo leilão de energia nova, marcado para 16 de dezembro e onde o governo pretende leiloar 17 empreendimentos hidrelétricos. Segundo o presidente da Eletrobrás, o governo já obteve licença ambiental para 6 das 17 usinas que devem ser licitadas. Ele disse que o Ministério de Minas e Energia está trabalhando para chegar na licitação com no mínimo 14 empreendimentos com as licenças ambientais já garantidas.
Para disputar a hidrelétrica de Mauá, no Paraná, projeto de 382 megawatts (a usina faz parte da lista de projetos que serão levados a leilão em dezembro), a Eletrobrás está formalizando parceria com a Copel, concessionária estatal do Estado do Paraná.
— Estamos articulando não só parcerias com grupos privados, mas também com outras estatais - afirmou o presidente da Eletrobrás.
Outro projeto que também está na mira da gigante estatal é a hidrelétrica de Estreito, na fronteira do Maranhão com Tocantins. Lá, a Eletrobrás negocia entrada na sociedade por intermédio de suas subsidiárias Eletronorte e Chesf. As empresas deverão comprar parte da BHP Billiton, que pretende sair do negócio.
As participações que a Eletrobrás negocia por meio das suas subsidiárias, juntas somam capacidade instalada de pouco mais de 1,2 mil MW. O parque instalado ainda pode aumentar em 2 mil MW, caso empresas do grupo também entrem em outros dois empreendimentos em negociação, Estreito e Lajeado. (Valor Online, 25/10)