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2005-10-26
Uma das conseqüências do desmatamento e das queimadas na Amazônia no clima é a intensidade da sua variabilidade, em especial o aumento das chuvas. É o que apontam estudos que serão apresentados durante a 2° Conferência Regional sobre Mudanças Globais: América do Sul, entre os dias 2 e 10 de novembro na Universidade de São Paulo (USP).

A professora do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP e coordenadora geral do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Maria Assunção Faus da Silva Dias será a mediadora da plenária sobre modelagem do clima regional e da evolução dos ecossistemas. A pesquisadora desenvolve importantes estudos relacionados ao impacto do desmatamento e das queimadas no clima da Amazônia.

Os trabalhos fazem parte do Projeto LBA (do inglês, Large Scale Biosphere – Atmosphere Experiment in Amazonia), uma iniciativa internacional de pesquisa, liderada pelo Brasil, que envolve pesquisadores de diversas áreas, como químicos, físicos, meteorologistas, biólogos, agrônomos e hidrólogos. O principal escopo de estudo do LBA diz respeito às mudanças dos usos da terra e do clima e como isso afetará o funcionamento biológico, químico e físico da Amazônia, incluindo sua sustentabilidade e sua influência no clima global.

Alguns resultados relevantes dessas pesquisas, no que se refere ao desmatamento, segundo destaca Maria Assunção, é que o primeiro efeito dessa ação é o aumento das chuvas. — A região amazônica é coberta por uma extensa camada homogênea de árvores. Quando há o desmatamento, há uma quebra dessa superfície. Esse contraste provoca circulações de vento, que, por sua vez, provocam formações de nuvens. Há até uma freqüência um pouco maior de formação de tempestades nessas áreas desmatadas também por causa desse gatilho. À medida que o desmatamento vai aumentando, há redução da quantidade de vapor de água no ar, e aí gradualmente, há uma diminuição na chuva. No momento em que a chuva diminui, a vegetação também vai se adaptar-, explica.

Dessa forma, a floresta tropical, que está acostumada com chuva nove meses por ano, está se transformando em vegetação de cerrado. — A parte central ainda não está sofrendo esse efeito, mas as bordas, tanto a leste quanto a sul, o chamado arco do desmatamento gradualmente está avançando-, afirma a pesquisadora.

A transição sistemática para cerrado também é resultado das queimadas que assolam a região. Isso se deve ao fato de que a fumaça funciona como uma espécie de espelho, refletindo parte da radiação solar de volta para o espaço. Dessa forma, a superfície pode ficar com temperatura dois ou três graus a menos do que se não houvesse a fumaça. —Isso interfere na formação de nuvens na estação de transição, atrasando a formação das primeiras chuvas e reduzindo o comprimento da estação chuvosa-, considera. (Com informações do Instituto de Estudos Avançados da USP)

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