Programa nuclear do Irã pode incentivar outros países, diz instituto
2005-10-26
O programa nuclear do governo iraniano pode incentivar outros países da região a desenvolver suas próprias armas nucleares, advertiu ontem (25/10) o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS). Países como Turquia e Arábia Saudita poderiam –reconsiderar suas opções– se o Irã fabricar a bomba atômica, assinalou o diretor do instituto, John Chipman, na apresentação em Londres do relatório Balanço Militar 2005-2006.
Para o IISS, é –pouco provável– que, a esta altura, a tríade européia formada por Reino Unido, França e Alemanha consiga convencer o Irã a abrir mão de seu programa de enriquecimento de urânio.
Por isso, Chipman pediu a outros países que aumentem suas pressões sobre a república islâmica, que, por sua vez, rejeita as acusações da comunidade internacional, alegando que suas atividades nucleares só têm fins civis.
–Seria desejável que outros países da região, especialmente os Estados árabes do Golfo Pérsico, expressassem mais abertamente suas preocupações– com o programa iraniano e com o desequilíbrio que poderia acarretar na região, segundo o diretor do IISS.
O instituto defende se levar a questão iraniana ao Conselho de Segurança da ONU, apesar da oposição de Rússia, China e Índia, que temem que este passo seja um precedente que os situe no –caminho da guerra–.
Tais temores desapareceriam, por outro lado, se Mohamed El Baradei, chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), conseguisse – provar que o Irã está desenvolvendo mísseis Shahab-3 com uma carga explosiva ideal para um arma nuclear–, segundo o IISS.
O relatório anual menciona ainda a ameaça terrorista e, em particular, o auge do terrorismo cultivado no próprio país, como evidenciaram os atentados de 7 de julho passado contra Londres, cujos autores moravam no Reino Unido.
Sobre o Iraque, o IISS recomenda que não se deixem –fora das negociações os grupos políticos contrários à situação atual– no país.
Do contrário, as eleições previstas para 15 de dezembro próximo –se parecerão com as de janeiro passado, quando a comunidade sunita tentou boicotar– o pleito, assinala o relatório.
O organismo ressalta, além disso, que, com o tempo, será necessário um –grupo internacional de contato– para substituir os Estados Unidos como principal mediador com o país árabe. (EFE, 25/10)