Captação de água em Pelotas gera polêmica
2005-10-26
A Associação dos Engenheiros Agrônomos de Pelotas (Aeapel) divulgou na segunda-feira
(24/10) nota oficial na qual repudia as declarações do diretor-presidente do Serviço
Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep), Gilberto Cunha, sobre o projeto de
captação de água do canal São Gonçalo.
O centro da polêmica é o ponto de coleta escolhido pelo Sanep - localizado antes da
barragem eclusa - considerado impróprio pelos especialistas da Aeapel, por apresentar
altos índices de salinização da água em determinadas épocas do ano.
Os membros da entidade dizem que na reunião realizada em 20 de outubro obtiveram do
engenheiro que representava o Sanep no encontro a garantia de que a captação seria
feita no ponto recomendado por especialistas no assunto. – Contudo, fomos surpreendidos
por declarações contraditórias, sem entender a postura do Sanep, ao anunciar
novamente a captação onde há risco de salinização-, diz o documento assinado pelo
presidente da Associação, Gilberto Demari Alves.
Engenheiros defendem a busca de mais recursos
No entendimento dos integrantes da Aeapel, ao investir R$ 1,6 milhão no projeto atual
a direção do Sanep estará desperdiçando dinheiro público, pois a obra terá, conforme
a nota oficial, caráter temporário e eficácia duvidosa .
Os engenheiros defendem a busca de mais recursos (aproximadamente mais R$ 700 mil)
para viabilizar a captação de um local mais seguro, três quilômetros após a eclusa. –
Isso é recurso público que merece respeito e uso adequado. Não podemos gastar R$ 1,6
milhão em algo duvidoso se podemos optar por gastar um pouco mais em um projeto que
irá durar 30 ou 40 anos-, argumentou Alves.
Autarquia se defende
O diretor-presidente do Sanep, Gilberto Cunha, atribui a polêmica em torno do caso a
um mau entendimento do projeto. Cunha argumenta que o plano original apresentado ao
Ministério da Integração Nacional estava orçado em R$ 6 milhões e previa a captação
acima da eclusa. Para facilitar a obtenção do dinheiro o projeto foi dividido em duas
partes. A primeira, orçada em R$ 1,6 milhão, prevê a captação antes da eclusa e a
segunda parte, após a eclusa. – É uma questão de viabilidade econômica-, defende. O
projeto prevê a captação somente nos períodos em que a água não estiver salgada.
O diretor do Sanep informou ainda que o município já busca recursos para executar a
segunda etapa e, caso o dinheiro seja obtido antes ou durante a execução da primeira
parte, o ponto de captação deverá ser alterado para depois da eclusa. (Diário Popular,
25/10)