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2005-10-25
Os moradores de Florianópolis estão insatisfeitos com o encaminhamento do lixo reciclável dado pela Prefeitura, mas mesmo assim contribuem para a coleta seletiva. Esta é uma das várias conclusões levantadas em pesquisa sobre tratamento do lixo doméstico feita com 1,8 mil moradores da Capital, operacionalizada por alunos da oitava série do Colégio Catarinense. Orientados pelos professores, a equipe de estudantes esteve em 18 bairros da cidade, conversando com pessoas, documentando suas opiniões e registrando fotos da região. Os resultados serão apresentados amanhã (26/10) e quinta-feira, das 9 às 20 horas, na sede do colégio.

Segundo o professor Silvio Fagundes, da equipe de orientação da atividade, alguns resultados da investigação são supreendentes.

— A população tem consciência e interesse pelo tratamento mais racional dos resíduos caseiros, mas também reclama que, na hora da coleta, eles voltam a ser misturados dentro do caminhão - diz. Outro dado constatado pelos alunos foi a irregularidade no recolhimento do lixo, reciclável - que não existe em alguns locais - e mesmo do lixo comum.

— Eles fotografaram vários pontos com acúmulo de lixo e levantaram a gravidade da questão do lixo sanitário, que em princípio deveria ser tratado como material contaminado, mas acaba ficando em contato com o meio ambiente - afirma. Entre os pontos mais críticos mostrados pelos alunos estão a poluição da orla dos Ingleses e as valas de esgoto a céu aberto na Lagoa da Conceição.

Os jovens pesquisadores percorreram localidades de todas as regiões da Ilha, com exceção do Centro - por razões de segurança. Outra preocupação, segundo Silvio, foi entrevistar moradores fixos das localidades, evitando incluir na pesquisa populações sazonais, como turistas, especialmente nos balneários mais freqüentados, a fim de preservar a pureza e confiabilidade dos dados coletados. No bairro de Sambaqui, por exemplo, levantou-se que 70% dos moradores separam o seu lixo reciclável, porém 86% deles afirmam que o trabalho é desfeito depois da coleta.

— Um fato interessante é que, mesmo vendo que seu trabalho foi em vão, as pessoas continuam separando o seu lixo - destaca. No Sambaqui, de acordo com as entrevistas, 7% das pessoas têm o hábito de queimar seu próprio lixo, e outros 3% assumiram que jogam seus resíduos fora, em terrenos baldios. No Ribeirão da Ilha, o índice de pessoas que separam seu lixo é de 65%, mas 93% indicam descaso na hora do recolhimento. No Campeche, o índice de recicladores cai para 55%, e 91% denunciam que a coleta é feita integralmente, sem separação.

70% da população atendida
A coleta seletiva de lixo reciclável em Florianópolis está a cargo da Companhia Melhoramentos da Capital (Comcap), controlada pela Prefeitura. A empresa usa cinco caminhões-baú exclusivamente para a coleta seletiva, uma ou duas vezes por semana (dependendo da localidade), sempre em dias diferentes daqueles em que é recolhido o lixo comum. De acordo com o diretor do Departamento de Resíduos Sólidos da Comcap, José Vilson de Souza, a coleta seletiva atende 70% do município, incluindo toda a área central e o Continente.

— Não atingimos algumas área do interior da Ilha, em razão da distância ou, como no caso de Ratones, onde uma comunidade de papeleiros assumiu o serviço e a Comcap recolhe apenas os resíduos.

O lixo reciclável recolhido em toda a cidade é entregue a três cooperativas de reciclagem, que se encarregam de separar e dar destino final ao lixo, ficando com o dinheiro obtido com a venda do material. Uma dessas associações funciona no Centro de Triagem na Comcap, no bairro Itacorubi, dentro da área onde se localizava o antigo aterro sanitário da cidade. O material recolhido no Continente é encaminhado a outras duas cooperativas, uma ligada à Associação dos Moradores do Monte Cristo e outra em São José, que igualmente ficam com os resultados da venda do material. Mensalmente, a Comcap recolhe em torno de cem toneladas de lixo reciclável em Florianópolis. (A Notícia, 25/10)

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