Contrabando de carvão ao Brasil destrói florestas paraguaias
2005-10-25
Os contrabandistas brasileiros são os responsáveis de grande parte da devastação das florestas paraguaias para produzir carvão vegetal, disse hoje à agência internacional EFE o ministro do Meio Ambiente do Paraguai, Alfredo Molinas.
O ministro acrescentou que compradores do Brasil vão ao Paraguai e oferecem mais pelo carvão vegetal do que o preço pago neste país, por isso induzem os camponeses a deixarem a produção agrícola para se dedicar à exploração das florestas, em muitos casos sem autorização do Serviço Florestal.
Segundo informações do ministério, a faixa fronteiriça apresenta esgotamento florestal, o que leva os contrabandistas a comprar carvão em departamentos afastados da fronteira com o Brasil, como os de San Pedro e Concepción.
Molinas denunciou que as autoridades brasileiras não estão cumprindo um acordo bilateral assinado em 1992 para fiscalizar de forma conjunta o transporte de carvão vegetal e evitar o contrabando do produto.
O ministério espera conseguir com a Polícia de estradas e a direção de alfândegas o fechamento da fronteira com o Brasil para o tráfico de carvão, disse Molinas.
— Estamos trabalhando com as outras instituições para conseguir que a saída de cargas de carvão seja limitada a apenas um ponto da fronteira, e que se exija a comprovação da origem da mercadoria – afirmou o ministro.
Há produtores de carvão autorizados pelo Serviço Florestal paraguaio, mas a falta de um controle de origem possibilita a legalização de qualquer carga que chegue aos controles alfandegários.
As autoridades paraguaias garantem ter imagens de satélite das áreas onde há a derrubada de florestas para produzir carvão de forma ilegal, mas alegam falta de recursos para reprimir essa atividade.
O jornal Ultima Hora pulica hoje que cada bolsa de 15 a 17 quilos de carvão vegetal é vendida aos brasileiros por 2.300 guaranis (cerca de US$ 0,37), e seu valor pode triplicar do outro lado da fronteira. (Yahoo Brasil Notícias, 25/10)