Artigo: Compromisso ético
2005-10-25
Por Christian Lavich Goldschmidt*
No dia 11 de outubro, a Fundação Gaia promoveu em Porto Alegre um encontro entre jornalistas, representantes de ONGs ambientalistas e sociedade civil. No evento, que teve a participação do Jornal JÁ, Correio do Povo, Jornal do Comércio e Ecoagência Solidária de Notícias, os jornalistas tiveram a oportunidade de discutir com o público a responsabilidade da mídia na formação de uma consciência ambiental e sua efetiva colaboração na difusão de questões sócio-ambientais. A presença de profissionais de jornalismo abriu um espaço de reflexão sobre o que efetivamente está sendo informado para a sociedade e o caminho que se está construindo na perspectiva do meio ambiente.
A humanidade chegou a um ponto decisivo, onde todos necessitamos fazer uma conversão de valores, realizando uma mudança substancial em nosso modo de vida. Se continuarmos a ignorar despreocupadamente as tragédias que vêm acontecendo, toda a raça humana poderá ser aniquilada. Por isso, o papel fundamental da imprensa deve ser o de orientar as pessoas a abandonarem ideologias que criam confrontos e divisões entre os povos. - O Papel da Imprensa para as Questões Ambientais, tema do encontro, vai muito além de dar atenção às tragédias somente quando as mesmas ocorrem. Urge alertar as pessoas para o fato de que ingressamos num período de transição, onde, ou abraçamos o conceito de uma Humanidade unificada, ou continuamos cada vez mais antagonistas, um em relação ao outro, engajando-nos em conflitos mútuos.
Atualmente enfrentamos uma grande crise devido à decadência moral do ser humano, à qual efetivamente levou ao aumento das anomalias climáticas e dos cataclismos, provocados pela destruição do meio ambiente. Durante várias gerações, os seres humanos têm buscado dinheiro e posses materiais passando por cima de tudo e de todos despreocupadamente - na maioria das vezes, justamente por perseguirem-nos dessa forma, é que lhes escapam. Devemos inspirar as pessoas a viver de acordo com os princípios ecológicos, pois essa é a única forma de encontrarem a verdadeira felicidade.
Conduzido pela escritora Lilian Dreyer, o evento oportunizou aos jornalistas presentes discorrerem sobre o que a imprensa gaúcha vêm fazendo para informar, conscientizar e sensibilizar a população sobre a importância da preservação ambiental. Segundo Jurema Josefa, do Correio do Povo, o Jornalismo Ambiental deve ser pautado no compromisso ético de disponibilizar informação verídica. Para isso, a imprensa deve fortalecer as ações das ONGs e se valer da credibilidade das mesmas. O resultado é uma troca de conhecimento da qual o maior beneficiado é o leitor. Nesse sentido, Lorena Paim, do Jornal do Comércio, lembrou que o papel fundamental da imprensa é o de informar priorizando também os assuntos ecológicos. Isso se faz não só registrando as catástrofes ambientais, mas sim divulgando as ações desenvolvidas para evitá-las. O ecojornalismo, segundo ela, se faz dando vóz e direito à todos os que lutam pela causa ambiental.
Guilherme Kolling relatou a experiência diferenciada do Jornal JÁ, do qual é redator-chefe. Segundo ele, o jornal tem por tradição o foco nas questões que envolvem o meio ambiente. Esse trabalho é visto tanto na edição mensal, distribuída aos assinantes e vendida em bancas, quanto nas duas edições quinzenais, disponíveis gratuitamente em pontos estratégicos de Porto Alegre. Promover debates e fóruns também faz parte do trabalho do JÁ, como aconteceu em março deste ano, onde empresários e políticos puderam discutir com a população acerca do Reflorestamento e Desenvolvimento Sustentável, que tratou das perspectivas dos negócios com madeira no Sul do Brasil.
Estamos construindo uma civilização baseada no individualismo, e o resultado disso são as últimas catástrofes naturais, através das quais estamos experimentando severos desafios. Porém, com esses fenômenos temos também a oportunidade, com reflexão e diálogo, de demonstrarmos de que serve a sabedoria humana - ou será que vamos esperar que nossos caminhos fiquem repletos de desatres e sofrimento?
Numa época em que nos defrontamos com o esfacelamento da sociedade, com a deterioração do meio ambiente, e com outros problemas prementes; os representantes das ONGs lembraram que essas entidades foram criadas e existem não com o objetivo de travar o progresso e o avanço da humanidade, mas sim para permitir que todos os seres vivos existam e avancem no caminho da prosperidade.
*Escritor e ator