USP discute as mudanças climáticas e suas conseqüências
2005-10-25
O Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) promoverá, entre os dias 6 e 10 de novembro, a 2ª Conferência Regional sobre Mudanças Globais: América do Sul. O objetivo do evento internacional e multidisciplinar é discutir os reais impactos das mudanças climáticas globais na América do Sul.
O professor visitante do Instituto de Estudos Avançados, Luiz Gylvan Meira Filho, que será um dos conferencistas, considera que não é possível relacionar um desastre natural, como o furacão Katrina, por exemplo, como resultado do aquecimento global. O pesquisador é categórico ao afirmar que são necessárias evidências científicas mais sérias para atestar essa relação de causa e efeito. —Há uma variabilidade natural no clima, um inverno é diferente do outro e isso é natural. Quando se analisa uma variável qualquer, por exemplo, quanto choveu no Estado de São Paulo durante o ano ou qual foi a temperatura média de São Paulo, essas variáveis naturalmente têm uma média e têm variações. A mudança de clima é justamente a variação da média. Quando se analisa um caso pontual, como um furacão, é difícil avaliar se é resultado da mudança do clima-, explica.
Nesse sentido, o pesquisador cita um estudo da Universidade da Geórgia, publicado na revista Science em setembro, que revela que, nos últimos 35 anos, a intensidade dos furacões está aumentando. — É fácil entender isso porque a energia do furacão é oriunda da água e se a água do mar estiver mais quente, os furacões serão mais fortes. Mas, daí você dizer que, em média, os furacões estão mais intensos e que um furacão foi devido a esse fator é um passo muito grande-, compara.
Gylvan acrescenta que, devido à ação do homem, a quantidade de gás carbônico na atmosfera está aumentando, resultando no aumento da temperatura média da superfície e na intensidade dos fenômenos severos. — Sabe-se que, a cada vez que a quantidade de gás carbônico na atmosfera dobrar, em média a temperatura da superfície aumenta em três graus. O que vem junto com isso é uma mudança na temperatura local e uma mudança no regime de precipitação, que é extremamente importante. Em particular, no Brasil, deve afetar a agricultura. Na Amazônia, a tendência será de as bordas da floresta se tornarem mais parecidas com savanas-, prevê.
E como tentar reverter essa iminente mudança de clima e suas conseqüências? —Em recente seminário na Inglaterra, convocado pelo primeiro ministro Tony Blair, chegou-se à conclusão de que um elenco de doze a quinze medidas com tecnologia já existente permite que se evite a mudança de clima. Dentre esses, o plantio de árvores e a transição de combustíveis fósseis, como a gasolina, para combustíveis renováveis, como o etanol, são partes importantes da solução-, garante o professor. (Com informações da USP)