Estação brasileira na Antártica pesquisa mudanças no meio ambiente
2005-10-24
As pesquisas desenvolvidas na Estação Antártica Comandante Ferraz são estratégicas para o Brasil e para o mundo, afirma o almirante José Eduardo Borges dos Santos, da Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Secirm) - órgão responsável pela execução do Programa Antártico Brasileiro. O país desenvolve, na estação, estudos sobre as mudanças ambientais na região, suas causas e conseqüências para a população mundial.
Localizada na Ilha do Rei George, a 130 quilômetros da península Antártica, na baía do Almirantado, a estação foi inaugurada em fevereiro de 1984. Sua administração é realizada por militares da Marinha do Brasil.
Na estação brasileira na Antártica são desenvolvidas pesquisas sobre o mar, a fauna local e a atmosfera. Segundo o almirante Santos, estudos sobre o aumento da temperatura global, o efeito estufa, o aumento do buraco na camada de ozônio, o aumento da poluição atmosférica, entre outros, permitem detectar alterações que causam impactos na vida global. —Com base nos fortes conhecimentos que já acumulamos na estação, podemos afirmar claramente que as secas do nordeste, a inundação do sul e o fenômeno da friagem na Amazônia são reflexos do que ocorre na Antártica, afirmou o Almirante.
Para desenvolver os estudos, 48 universidades brasileiras, entre elas a Universidade de São Paulo (USP), a Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), enviam pesquisadores à Estação Antártica Comandante Ferraz em diversas expedições. Só em 2005, cerca de 120 pesquisadores brasileiros passarão pela estação.
Durante o verão, a estação pode hospedar cerca de 40 pessoas. Nesta época, quando as condições são menos severas, são executados os serviços de manutenção, ampliação, reabastecimento e apoio aos projetos científicos. No verão, os ventos são mais fracos e a temperatura alcança 5º C. Já no inverno, a estrutura da pequena vila em meio ao gelo antártico permite a hospedagem de 12 pessoas e as atividades ficam reduzidas. As instalações da estação foram projetadas para resistir a temperaturas de – 35ºC e ventos de até 200 quilômetros por hora, mantendo a temperatura interna estável.
A estrutura montada no local oferece aos habitantes facilidades, simulando uma pequena cidade. Há no local um heliponto, um centro de comunicação que permite ligações telefônicas, serviços de telex e fac-símile e uma agência de correios.
Para manter toda a estrutura logística, só em 2005 a Marinha Brasileira investiu R$ 3,5 milhões na estação. Para o almirante Santos, é mínima a relação entre o custo e os benefícios das pesquisas desenvolvidas na estação. — Todas as descobertas e previsões a partir dos estudos que são feitos na Antártica não têm preço. Os benefícios são incalculáveis-, afirma Santos, avaliando ser um grande benefício ser membro consultivo do Tratado da Antártica. Apenas 28 países fazem parte deste grupo que tem poder de decisão sobre o futuro do continente. (Agência Brasil, 21/10)