Banco da Terra vendeu áreas de preservação no RS
2005-10-24
No período em que funcionou, de 1999 a 2003, o Banco da Terra realizou mais
de 12 mil negócios no Estado. A maior parte foi
dentro da lei, embora não se possa calcular o percentual, porque é proibida
a consulta aos documentos.
Na região do Vale do Caí, foram vendidas áreas impróprias para agricultura,
por íngremes e pedregosas, como a adquirida pelo
motorista Nélson Moreira. Também houve negócio de propriedades situadas em
reservas ambientais, o que era vetado pelo Banco
da Terra. Outra irregularidade foi contemplar com financiamentos a juros
quem não vive da enxada, como Moreira.
O caso do caminhoneiro ilustra o que ocorreu em Vale Real, no Caí, onde pelo
menos seis das 27 transações do Banco da Terra
apresentam problemas. Moreira sobrevive na boléia de um caminhão,
transportando adubo. Em 2002, comprou uma área de seis
hectares no Morro Paris. O terreno em rampa e acidentado inviabiliza o
arado, mas tem um limitador ainda maior: fica sob
torres de transmissão de energia elétrica.
O Banco da Terra se organizou por agências municipais, supervisionadas por
uma gerência regional. O agente em Vale Real,
Anísio Farias, na época secretário municipal de Planejamento, garante que
todas as decisões foram coletivas. Por discordar
dos critérios, o representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR),
Nestor Carlos Bertuol, retirou-se do Conselho
de Agricultura. (ZH, 23/10)