Lançado Programa Nacional do Biodiesel no Rio Grande do Sul
2005-10-24
Ao participar na manhã de sexta-feira (21/10) do lançamento do Programa
Nacional de Produção e Uso de Biodiesel no Rio Grande
do Sul, no município de Cruz Alta, o ministro do Desenvolvimento Agrário,
Miguel Rossetto, afirmou que o Estado está
respondendo de modo afirmativo ao desafio feito há dois anos pelo Governo
Federal. – O Rio Grande do Sul está dando mostras
de sua capacidade de se integrar na cadeia produtiva do biodiesel-, disse.
Para o ministro, a presença de um grande público
formado por produtores rurais, lideranças sindicais e comunidade
universitária demonstra a confiança dos agricultores no
programa.
Segundo Rossetto, o Brasil tem a necessidade anual de 40 bilhões de litros
de diesel. Diante deste quadro, a adição de 2% de
biodiesel a partir de 2006 representa um mercado de 800 milhões de litros
por ano. – Isto vai exigir um aumento na produção
de oleaginosas e de investimentos industriais-, considerou. Para o ministro,
apesar do Brasil ser quase auto-suficiente ainda
importa diesel. Com a implantação do Programa Nacional de Produção e Uso de
Biodiesel esta necessidade irá diminuir,
promovendo um aumento da autonomia energética e a ampliação da renda na
agricultura familiar. – Uma renda que fica no País-,
enfatizou o ministro.
No caso do Rio Grande do Sul, Miguel Rossetto acredita que o Estado tem
condições de atender não só a demanda interna mas
também da região Sul. O ministro salientou ainda que, ao contrário do
programa Pró-Álcool de antigamente, o biodiesel não
incentiva a monocultura, assim como não compete com a produção de alimentos.
– A geração de renda e a superação da pobreza é
o grande objetivo do programa.- Rossetto estima que até 2007 cerca de 250
mil agricultores familiares estarão envolvidos na
cadeia produtiva do biodiesel.
A criação do Selo Social, que permitirá a dedução da contribuição social PIS
e Cofins para indústrias que comprem a
matéria-prima de agricultores familiares é, conforme Rossetto, a última
etapa da implantação do Programa Nacional de Produção
e Uso de Biodiesel no Brasil. No Rio Grande do Sul, para que a empresa tenha
direito a desconto sobre contribuição social,
30% de sua produção deve ser adquirida da agricultura familiar. O desconto
pode chegar ao patamar máximo de 68%. – Todas as
medidas têm a intenção de criar um ambiente de produção e investimento-,
ressaltou. O ministro anunciou que em breve o
governo irá começar a emitir certificados provisórios para empresas que já
estão instaladas.
Cinco projetos em andamento no RS
Ainda pela manhã, Miguel Rossetto acompanhou o anúncio de um empreendimento
de uma usina de biodiesel no município de Passo
Fundo. A BSBIO pretende iniciar sua produção em novembro de 2006, com a
perspectiva de produzir 100 mil toneladas de
biodiesel por ano, gerando 110 empregos diretos. Inicialmente, a empresa
pretende aproveitar o excedente da produção já
existente de óleo de soja para desenvolver o biodiesel.
Além da BSBIO, outros quatro empreendimentos estão em andamento no Estado. É
o caso da Cooperativa Agrícola Água Santa Ltda
(Coasa), do município de Água Santa, formada por 340 agricultores
familiares. A Coasa tem como meta a implantação de um
projeto agroindustrial para a produção de 45 toneladas/dia, ou 13.500
toneladas/ano de biodiesel de soja, canola e girassol.
Outro exemplo é a experiência da Cooperativa Central Agroindustrial Noroeste
Ltda (Coceagro), que resulta da união de três
cooperativas da região: a Cotrimaio, de Três de Maio; a Coopermil, de Santa
Rosa; e a Comtul, de Tucunduva. Localizadas na
região Noroeste do estado, as cooperativas possuem uma abrangência de
aproximadamente 40 municípios, com um total de 18.792
associados, em sua maioria pequenos agricultores. A meta inicial de produção
é de 90 toneladas/dia.
Os outros dois projetos são da Coperbio, de Palmeira das Missões, com 29 mil
famílias associadas de 21 municípios, e da
Coperal, de Candiota, com 21 mil famílias associadas. Ambos os projetos
estão ligados ao movimento social Via Campesina e
pretendem produzir juntas 400 toneladas/dia. (Página Rural, 21/10)