Aquecimento do oceano ameaça fauna do continente
2005-10-21
Cientistas descobriram na Antártida uma elevação alarmante da temperatura oceânica que ameaça prejudicar populações de pingüins, baleias, focas e muitas outras criaturas menores dentro de poucas décadas. O estudo mostra que a temperatura do oceano a oeste da Península Antártica subiu mais de 1° C desde os anos 60. É a primeira evidência de que o Oceano Sul está ficando mais quente, com conseqüências potencialmente graves para a vida selvagem.
— A temperatura do mar está subindo de um modo que não fora previsto e isso me deixa mais preocupado com os animais marinhos. As evidências que possuíamos diziam que a temperatura provavelmente não mudaria muito na Antártida. Um aumento de 1° C deixa-nos na região onde os animais são empurrados a um extremo de suas capacidades biológicas, psicológicas e ecológicas - afirmou Lloyd Peck, biólogo marinho da Pesquisa Antártica Britânica.
Animais que vivem no mar em torno da Península Antártica, onde as temperaturas da água no verão hoje atingem no máximo 0,5° C, são sensíveis a pequenas mudanças. Numa água apenas 2° C mais quente, moluscos ficam incapazes de se enterrar no sedimento do fundo do mar, não conseguem se virar ou perdem a capacidade de nadar. Essas mudanças os tornariam mais vulneráveis a predadores, interrompendo a cadeia alimentar e rapidamente pondo em perigo animais maiores e aves.
O clima da península, que se projeta em direção à América do Sul, é o que muda mais rápido no Hemisfério Sul. As temperaturas do ar na região subiram quase 3° C desde 1951 e a cobertura de gelo no mar ao redor diminuiu 20% desde 1979. Agora, os pesquisadores mostraram que as temperaturas estão em ascensão. A média do mar em torno da península no verão aumentou 1,2° C de 1955 a 1994. (O Estado de S. Paulo, 20/10)