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2005-10-20
O Ibama vai aplicar uma multa que pode chegar a R$ 100 milhões a quatro fazendeiros responsáveis pelo desmatamento de uma área superior a 30 mil hectares em Cumaru do Norte, no Pará. É um dos maiores desmatamentos descobertos nos últimos meses no estado.

A área devastada foi descoberta em operação realizada por fiscais do Ibama auxiliados por 30 homens do Exército e agentes da Polícia Federal. O desmatamento ocorreu na área das fazendas Caboclo, Santa Cecília, São Joaquim e Castanha. Os donos das propriedades não foram encontrados pelos fiscais.

Fazenda tinha até pista de pouso clandestina
A maior área desmatada foi encontrada na Fazenda Caboclo, onde mais de 14 mil hectares de floresta foram derrubados. No local, os fiscais e os policiais encontraram uma pista clandestina para pouso e decolagem de aviões. Além disso, um afluente do Rio Xingu estava assoreado. A tentativa de soterrar o rio implica ainda mais os responsáveis pelo crime ambiental.

— É uma irresponsabilidade sem tamanho tentar bloquear o rio - diz o fiscal do Ibama Marcos Vinícius Mendonça, um dos coordenadores da operação.

No município de São Félix do Xingu, no sudeste do Pará, fazendeiros foram acusados pela Funai de invadir parte da reserva dos índios caiapós para criar gado. Em pelo menos 11 pontos, a Funai também constatou o desmatamento.

Após pedir ajuda à Funai, os caiapós anunciaram que vão mobilizar guerreiros para expulsar os fazendeiros das terras. Eles denunciam que os fazendeiros chegaram a aterrar um rio que estava com baixo nível de água devido à seca para a locomoção do gado. A área invadida fica entre os rios Xingu e Fresco. A Funai teme um confronto entre os índios e os funcionários da fazenda e já pediu ajuda à Polícia Federal para a retirada dos invasores.

Devastação da floresta
Em agosto, o governo federal divulgou dados que indicam tendência de queda na taxa de desmatamento da Amazônia. De 24 de agosto de 2004 a 30 de julho de 2005, o sistema de monitoramento em tempo real (Deter) registrou um índice de desmatamento de 9.106 quilômetros quadrados. No período anterior, entre 27 de agosto de 2003 e 29 de julho de 2004, a área desmatada foi de 18.724 quilômetros quadrados.

O próprio Ministério do Meio Ambiente já alertava, no entanto, que não era possível afirmar que a destruição da floresta caíra à metade. Os dados divulgados em agosto se referiam a um período de 11 meses e apenas a desmatamentos de áreas superiores a 65 hectares.

O nível real de destruição só será conhecido em dezembro. O ministério atribuiu a redução a ações de combate ao desmatamento, entre medidas repressivas e criação de unidades de proteção. (O Globo, 19/10)

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