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2005-10-20
A contaminação de que padece o Mar Mediterrâneo preocupa as organizações ambientalistas, para as quais é possível salvá-lo. Especialistas de agências regionais da Organização das Nações Unidas (ONU), autoridades locais, sindicatos, indústrias e organizações da bacia do Mediterrâneo reuniram-se em Atenas, nos dias 10 e 11 deste mês, com o objetivo de juntar esforços em busca de remédios para as enfermidades do mar.

— A busca de soluções deveria se concentrar mais em organizações não-governamentais sindicatos e partidos políticos-, afirma Emad Adly, coordenador da Rede Arábica para o Ambiente e o Desenvolvimento. Esta aliança, com sede no Cairo, agrupa organizações de 17 países árabes, sete delas com áreas costeiras no no Mediterrâneo.

–São atores-chave junto com o setor público e o privado, na implementação de projetos cuja finalidade é assegurar o desenvolvimento sustentável em nível local seja no campo da agricultura, da indústria, da administração da costa ou da desertificação–, assinala Adly.

— As organizações governamentais são ativas em todas as partes e agrupam gente de todas as categorias sociais. Elas estão mais conscientes dos problemas e das soluções–, afirma.

Os problemas não são tão pequenos para o Mar Mediterrâneo, que, apesar das dimensões que aparenta nos mapas, é apenas uma gota no oceano, com 0,7% de toda água salgada do planeta. Mas nos países ribeirinhos, vivem 435 milhões de habitantes, 150 milhões deles em costas, e chegam a esses territórios, todos os anos, mais de 200 milhões de turistas.

As enfermidades do Mediterrâneo não são leves. Com mais de 46 mil quilômetros de costas e 3,7 mil quilômetros cúbicos de água, sofre uma forte contaminação, tanto na terra como no próprio mar. As cidades, o turismo e a agricultura figuram entre os principais contaminadores.

Centenas de populações costeiras carecem de saneamento, advertiu o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) através de seu Plano de Ação Mediterrânea, com sede em Atenas e estabelecido em 1975. – Os 150 milhões de pessoas que vivem na costa do Mediterrâneo produzem 3,8 milhões de metros cúbicos de águas residuais a cada ano, calcula a organização ambientalista WWF. – Uns 2,5 milhões de metros cúbicos são produzidos por turistas que visitam a região do Mediterrâneo –, acrescentou a WWF em um informe segundo o qual 80% das águas residuais são despejadas sem receber um tratamento adequado.

O Programa para a Avaliação e Controle da Poluição na região do Mediterrâneo (Med Pol), que opera dentro do Plano de Ação Mediterrânea, Sustenta que os dejetos sólidos que ingressam no mar são, em média da ordem de 254 quilogramas por habitante por ano. Isto inclui lixo doméstico, papel, plástico e garrafas.

A contaminação gerada pelos dejetos sólidos e por lixo no mar, especialmente as embalagens plásticas, é uma causa importante de degradação das praias, do leito do mar e dos ecossistemas associados, dizem os ambientalistas. De acordo com dados da Med Pol, somente o plástico constitui 75% dos resíduos na superfície e no leito do mar. Bolas de plástico não biodegradáveis acumulam-se em praias ao longo da costa. As atividades industriais também são uma fonte chave de contaminação, principalmente dos setores químico, petroquímico e metalúrgico.

Grandes portos comerciais e pesados complexos industriais geram uma significativa contaminação no lugar. Cerca de 60 refinarias liberam quase 20 mil toneladas de petróleo por ano no Mediterrâneo. Os dejetos de mais de 200 instalações petroquímicas e de energia, indústrias químicas e plantas de cloro, e mais dos 80 rios principais que carregam cargas pesadas de elementos contaminantes levaram a bacia do Mediterrâneo a um avançado estado de deterioração.

Toda esta contaminação ocorre em um ar semi-fechado. O Mediterrâneo tem apenas duas saídas: o estreito de Gibraltar, de 14 quilômetros de largura, e o Canal de Suez, com apenas uns poucos metros de largura.
Sob o Plano de Ação Mediterrânea, formulou-se outro programa estratégico, que quantificará suas principais fontes de contaminação, assim como conceberá um plano nacional pra cortar essa poluição. A WWW está realizando uma campanha para o estabelecimento de áreas marinhas e costeiras de proteção à biodiversidade. Também quer que sejam acertadas medidas específicas contra a contaminação em uma convenção internacional. (Com informações da Agência IPS)

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