Ministério Público investiga impacto urbano da obra do teatro da Ospa
2005-10-20
O Ministério Público abriu inquérito civil para investigar os possíveis danos que a
futura obra do Teatro da Ospa causará no bairro Floresta, em Porto Alegre. O novo
empreendimento, que será construído dentro do shopping Total, prevê um
edifício-garagem de sete andares - sendo dois subterrâneos.
A promotora do Meio Ambiente, Ana Maria Moreira Marchesan, afirmou que as
investigações ficarão concentradas em problemas, como transtorno no trânsito
provocados pelo aumento do fluxo de veículos e com imóveis tombados próximos, que
podem ser afetados pela construção do teatro. – Também existe um belo túnel de vegetação, e com o aumento do
número de veículos o meio ambiente pode ficar prejudicado-, afirmou.
O inquérito foi instaurado após denúncia de moradores da rua Gonçalo de Carvalho, que
é muito arborizada. O local poderá se tornar um dos mais afetados, pois será uma das
saídas do edifício-garagem. – Não somos contra a Ospa, apenas reclamamos da forma
como está sendo encaminhado o projeto. Queremos conhecer o impacto que esta obra
causará-, reclamou o arquiteto Marcelo Ruas, morador da região. Segundo ele, haverá
perda também para moradores de outras ruas no entorno, como Pinheiro Machado e André
Puente. – A Gonçalo não é preparada para receber um fluxo tão grande de carros-,
afirmou.
A opinião, no entanto, não é comum a todos no bairro. – A maioria da Floresta quer a
Ospa e vamos lutar por ela-, assegura o presidente da Associação Comercial Cristóvão
Colombo, Beto Rigotti. Já o presidente da Fundação Ospa, Ivo Nesralla, lamenta a
mobilização contrária à obra. – Este é um desserviço que estas pessoas estão
prestando à comunidade. Só aviso que nada vai me impedir de construir este teatro,
ainda mais que estamos totalmente dentro da lei-, diz.
Início depende de licença de instalação da prefeitura
A obra do teatro da Ospa ainda não tem data para começar, já que ainda não foi
liberada a Licença de Instalação (LI) pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente
(Smam). – Somente permitiremos o início da construção após a LI-, garantiu o
superintendente do Total, Eduardo Oltramari.
O secretário municipal do Meio Ambiente, Beto Moesch, assegura que não haverá
impacto ambiental no bairro. – A idéia do projeto original era que a Gonçalo de
Carvalho virasse um binário da Cristóvão Colombo. Haveria a duplicação e a retirada
de grande parte das árvores da rua. No projeto licenciado pela Smam nenhum galho
será mexido-, afirmou. Moesch ainda afirma que, pelo Plano Diretor de Porto Alegre,
a edificação máxima permitida no local é de 18 andares - e o edifício-garagem terá
sete. Segundo ele, houve duas audiências públicas com moradores do local para
debater o assunto.
A sala sinfônica da Ospa terá uma área de 12 mil metros quadrados, com capacidade
para 1.560 pessoas. O complexo terá foyer, seis elevadores, um nível de platéia e
dois mezaninos, salas de ensaio, camarins individuais e coletivos, restaurante,
cafeteria, loja e terraço. O palco vai permitir concertos com orquestras de até
200 músicos. (JC, 20/10)