Plano Nacional de Agroenergia prevê ações para aproveitamento de resíduos agropecuários e florestais
2005-10-18
Aproveitamento integral da biomassa florestal para fins energéticos, adensamento energético de áreas reflorestadas, integração dos conceitos de agroenergia e mercado de carbono e uso de compostos orgânicos resultantes da produção agropecuária, com risco sanitário para produção de agroenergia: essas são algumas ações que passam a fazer parte do cenário agroenergético das cadeias das florestas energéticas e do aproveitamento de resíduos, a partir do lançamento do Plano Nacional de Agroenergia, feito no dia 14 de outubro, pelo Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues.
Segundo o documento, elaborado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), não é fácil estimar o potencial energético dos resíduos, devido à precariedade das estatísticas e às variações regionais. Mas sabe-se que apenas nos principais cultivos (trigo, arroz, milho, cevada e cana-de-açúcar) é possível recuperar 25% de resíduo em
forma de energia, evitando-se a emissão de 350 a 460 Mega toneladas de CO2, por ano.
O uso energético dos resíduos competirá, no futuro, com outros usos, como o preparo de cama para criação animais, adubação orgânica, controle de erosão, alimentação de animais etc. Mas o Plano ressalta que será necessário consolidar o conceito de resíduo sob a óptica da sustentabilidade da exploração, ou seja, não retirar do local de produção da biomassa excesso de matéria orgânica que venha a depauperar o solo e prejudicar futuras explorações.
Os resíduos que se mostram mais apropriados para pronto aproveitamento são aqueles gerados no cultivo da cana-de-açúcar, da indústria de papel e celulose e a serragem e gravetos da indústria madeireira e moveleira. Mais de 300 Mega toneladas de bagaço de cana são produzidos anualmente no mundo, em sua maior parte utilizados para produção de energia local, nas usinas produtoras de açúcar e álcool.
— Os resíduos florestais, obtidos a partir de um manejo correto dos projetos de reflorestamento podem incrementar a produtividade energética futura das florestas-, afirma Silvio Crestana, diretor-presidente da Embrapa. Parcela ponderável da energia elétrica produzida a partir de biomassa no Brasil é proveniente do aproveitamento de resíduos agropecuários, florestais ou da agroindústria. Segundo dados do Balanço Energético Nacional, edição 2004, a participação da biomassa na matriz elétrica nacional é de 2,86%, distribuída em 1,69% de bagaço de cana, 1,17% em resíduos madeireiros e resíduos agrícolas e silvícolas diversos.
Crestana ressalta que como ocorre para todas as fontes renováveis de energia, a efetiva viabilização do potencial de produção de eletricidade a partir da biomassa residual da cana, da madeira e do arroz, requer a definição e a implantação de políticas de fomento, com horizonte de médio a longo prazo e que estabeleçam condições claras e efetivamente
motivadoras para que o potencial que é economicamente viável e estrategicamente de interesse possa ser aproveitado. (Com informações da Embrapa)