Dano ambiental demora a ser pago
2005-10-17
Contaminação da água, do ar, do solo, prejuízos na agricultura e danos à saúde. Esses
são alguns dos efeitos causados pelos acidentes ambientais envolvendo produtos
perigosos e poluentes. Nos últimos três anos, vêm caindo as ocorrências no Rio Grande
do Sul, segundo dados da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). Em 2005, o
número chega a 60, enquanto a média de anos anteriores tem sido de 88. Em função da
burocracia e da falta de recursos humanos, em muitos casos, os responsáveis pelos
acidentes desse tipo demoram anos para pagar pelos danos causados.
Os acidentes ambientais mais comuns envolvem vazamento de combustível (álcool, óleo
e gasolina) por tombamento de caminhões ou problemas em postos de gasolina, segundo
o responsável pelo Serviço de Emergência Ambiental da Fepam, Luiz Fernando Guaragni. Preocupa ainda o transporte hidroviário de produtos perigosos. — Os navios que passam pelo Guaíba não têm plano de atendimento de emergência e contingência. Salienta que a medida deveria partir de empresas e do porto.
O último acidente grave aconteceu no dia 6 deste mês no km 355 da RS 386, em Estrela.
Cerca de 24 mil litros dos 46 mil litros de gasolina pura vazaram de uma carreta.
Grande parte do produto foi parar no arroio Estrela. O impacto atingiu 2,5ha de uma
propriedade. Houve interdição das atividades agrossilvopastoris e ficou
inviabilizado o abastecimento de água de três famílias.
As empresas podem recorrer das multas em duas instâncias da Fepam e, por último, ao
Conselho Estadual de Meio Ambiente. Sem pessoal suficiente, a Fepam não consegue
cumprir os prazos. Neste ano, alguns dos autos de infração cobrados correspondem a
acidentes de 1998.
A integrante do Núcleo Amigos da Terra Brasil, Kathia Vasconcellos Monteiro,
enfatiza que, embora as grandes empresas sejam mais visadas e cobradas, os acidentes
das pequenas somados representam impacto grande no meio ambiente. – Todos os dias
temos pequenos acidentes responsáveis por contaminações, que afetam toda a cadeia
ambiental. Ela ressalta a preocupação dos ambientalistas com a falta de controle
sobre barcos e navios. – Sem a fiscalização, fica mais difícil ver o potencial de
risco e evitar grande desastre-. (CP, 16/09)