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guerra das papeleiras botnia / upm-kymmene
2005-10-17

A construção de duas fábricas de celulose no Uruguai levou até esse país do Sul o debate mundial entre ambientalistas, cientistas e grandes empresas sobre as formas mais eficazes e menos contaminantes de produzir papel. O primeiro passo na fabricação de papel é a obtenção da polpa de celulose a partir da madeira, um processo de intensa industrialização no qual intervêm várias substâncias químicas e grande quantidade de água. Inicialmente a madeira é transformada em pequenas lascas e em seguida submetida a cozimento com compostos geralmente à base de enxofre, para extrair a lignina, o cimento que une as fibras da madeira.

Depois, são feitas sucessivas lavagens em diferentes temperaturas. O resultado, uma pasta de cor marrom, ainda indica a presença de lignina. Então, se passa à segunda fase de branqueamento, necessária para dar brilho e resistência à polpa, eliminando os restos de lignina. Nesta etapa se emprega muita água, com a qual se lava a polpa depois da aplicação de cada substância química. A lista de compostos inclui cloro ou dióxido de cloro, soda cáustica, oxigênio e peróxido de oxigênio e hipoclorito de sódio, segundo o site http://www.papelnet.cl, do CMPC, um grupo de cinco empresas florestais e produtoras de papel chilenas. Embora todas estas substâncias e os resíduos orgânicos da madeira tenham diferentes efeitos contaminantes, a presença do cloro ou de seus derivados rouba a cena.

Tradicionalmente usou-se cloro para branquear a celulose. Conforme cresceu a preocupação com o meio ambiente, descobriu -se que o branqueamento gerava uma grande quantidade de organoclorados (dioxinas e furanos), muito tóxicos, persistentes e com capacidade de ir se acumulando em organismos animais. Na década de 80, várias pesquisas sobre a indústria da celulose demonstravam que liberava dioxinas e furanos, dois dos 12 contaminantes controlados pelo Convênio de Estocolmo, afirma o Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais (WRM). Esse tratado visa a eliminação ou redução dessas 12 substâncias que aumentam os riscos de contrair câncer, provocam transtornos hormonais e neurológicos, infertilidade, diabetes e debilidade no sistema imunológico.

Diante da pressão das populações afetadas e de ecologistas, a indústria desenvolveu um sistema com base no dióxido de cloro, que libera menos organoclorados, conhecido como Livre de Cloro Elementar (ECF), o mais utilizado atualmente e que serão aplicados pelas duas empresas européias no Uruguai.

— Estudos científicos demonstram amplamente que estas fábricas produzem efeitos graves nos ecossistemas. Os poucos avanços foram conseguidos à forte pressão das pessoas a este tipo de instalações - explicou à IPS o biólogo Oscar Galli, um dos 60 cientistas que assinaram uma carta aberta de protesto destinada ao governo uruguaio.

— Baseamos nossa rejeição não apenas em experiências recentes e em outras ocorridas em outros países que mantiveram a desgraça de contar com tal indústria, mas também no conhecimento científico anual. Tal experiência empírica e teórica nos permite assegurar que haverá contaminação com a instalação das fábricas de celulose - diz a carta.

Depois do surgimento do ECF foi desenvolvido o método de branqueamento Totalmente Livre de Cloro (TCF), que prescinde de compostos clorados. Aproximadamente 20% da produção mundial de celulose são obtidos através do método TCF, segundo dados de 2002 apresentados pelo WRF. Cientistas e ambientalistas afirmam que as empresas não apostam no sistema TCF por seus elevados custos, mas o porta-voz do grupo finlandês Botnia no Uruguai, o engenheiro agrônomo Carlos Faroppa, disse à IPS que se deve a um problema de qualidade e efetividade.

— O TCF praticamente não é utilizado no mundo porque sua tecnologia está estagnada. Não gera fibras adequadas para um bom papel. Há mais de 12 anos se aposta no melhor desenvolvimento do ECF e, de fato, no Uruguai se aplicará o sistema mais avançado de ECF - afirmou.

A polêmica começou em março, quando o governo do presidente Tabaré Vázquez confirmou que seguiam em frente os planos de instalar duas fábricas, uma da Empresa Nacional de Celulose da Espanha (ENCE) e outra da Botnia, na cidade de Fray Bentos, limítrofe com a Argentina. Os dois projetos foram autorizados pelo governo anterior.

(Por IPS/Rios Vivos, 10/10)


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