Há pelo menos 53 mil mortos pelo terremoro no Paquistão
2005-10-17
Pelo menos 40 mil pessoas morreram na zona paquistanesa de Caxemira em função do violento terremoto de 8 de outubro passado, elevando para 53 mil o total de vítimas no Paquistão, informou ontem (16/10) o chefe do governo regional da Caxemira paquistanesa. O balanço total anterior era de 39.422 mortos e 65.038 feridos no país.
–Com toda responsabilidade posso dizer que não menos de 40 mil pessoas morreram na região–, afirmou Sikandar Hayat Khan, primeiro-ministro do lado paquistanês nessa região dividida do Himalaia. Segundo ele, o número de vítimas pode ser ainda maior. –Há cidade nas quais ainda não foram retirados os escombros e o balanço pode chegar até 70 mil ou 80 mil mortos. É a pior tragédia de nossa história–, afirmou.
O terremoto também destruiu o lado indiano de Caxemira, onde 1.329 pessoas morreram, segundo a polícia indiana. A chuva deste domingo (16/10) foi um pesadelo para as operações de socorro às vítimas do terremoto de 8 de outubro ocorrido no norte do Paquistão, já que prejudicou a entrega de ajuda, agravando a situação de dezenas de milhares de pessoas que perderam suas casas. Durante a noite de sábado e na manhã deste domingo, a tempestade castigou regiões atingidas pelo terremoto e pela chuva fazendo com que os helicópteros não decolassem. Estes são cruciais para o envio de material aos centros de distribuição e para a retirada de feridos.
–É um pesadelo logístico–, assegurou Alain Pasche, o coordenador de ajuda humanitária de urgência das Nações Unidas em Muzaffarabad, capital da parte paquistanesa da Caxemira, que ficou praticamente destruída pelo terremoto. Um deslizamento de terra fez com que o aeroporto de Muzaffarabad fosse interditado, informou Keith Ursel, um representante local do Programa Alimentar Mundial (PAM).
Às ruínas e à desolação somam-se a chuva e o barro para milhares de pessoas que perderam suas casas em Muzaffarabad e outras centenas que continuam descendo as montanhas com a esperança de encontrar ajuda na cidade.
O exército paquistanês também deve manter a ordem, pois alguns saqueadores tentam se aproveitar do caos. Sete pessoas foram detidas quando roubavam alimentos, anunciou o exército.
–A ordem foi restabelecida em Muzaffarabad–, disse o porta-voz militar local, comandante Farooq Nasir, assegurando que na sucursal do National Bank estavam guardados cerca de 20 milhões de rúpias (285.000 euros). O edifício está intacto, mas os funcionários o abandonaram.
Os militares também recuperaram milhares de dólares em jóias e ouro das casas destruídas que foram depois enviados ao governo, acrescentou o comandante Nasir.
O PAM distribuiu cerca de 40 toneladas de barras de cereais, 7mil metros cúbicos de farinha, 42 toneladas de tâmaras e 400 toneladas de feijão e lentilha em Muzaffarabad, informou Ursel. Porém, a distribuição continua sendo o principal problema.
–A situação é catastrófica para as aldeias nas montanhas próximas a Muzaffarabad–, disse alarmado Alain Pasche, o coordenador de Nações Unidas. –Não podemos transportar os alimentos por helicóptero–, explicou Keith Ursel, do PAM, devido às condições meteorológicas, mas também por causa do processo –demasiadamente lento– de avaliação das necessidades.
Milhares de pessoas se encontram em perigo, acrescentou, pois as temperaturas noturnas chegam a 5 graus abaixo de zero nos povoados da montanha.
Em Muzaffarabad, a chegada de feridos e as dificuldades de evacuação continuavam gerando grandes problemas. Quatro hospitais de campanha móveis foram montados, com capacidade para 400 camas, segundo Altaf Musani, um representante local da Organização Mundial de Saúde (OMS), mas os feridos continuam chegando procedentes dos povoados próximos, com ferimentos infeccionados.
Um helicóptero MI-17 do exército paquistanês caiu próximo à localidade de Bagh, na Caxemira, informou o porta-voz do exército, general Shaukat Sultan.
Trata-se do primeiro acidente deste tipo desde o início das operações de ajuda ao norte de Paquistão.
Os tremores de terra continuam. No sábado (15/10), uma mulher morreu em Uri devido a um tremor secundário. Com isso, o número de mortes ocorridas em conseqüência de novos tremores chega a 44, na Caxemira indiana, e a 200, na paquistanesa. (AFP, 16/10)