Construção da barragem João Leite garante água para Goiânia até 2025
2005-10-14
A barragem começou a ser implantada em 2002, com a assinatura de contrato de financiamento com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com contrapartida do governo estadual e da Saneago. Com 50% da obra já realizados, a previsão é de que em 2005 sejam investidos R$ 50 milhões. A barragem é referência mundial para o BID.
Situada junto ao Morro do Bálsamo, a seis quilômetros do Jardim Guanabara, na região norte de Goiânia, a obra teve o trabalho de desvio do Ribeirão João Leite iniciado em agosto de 2004 por técnicos da Saneago, com a inundação de uma área de 1.040 hectares. O lago será formado em áreas próximas aos parques Altamiro de Moura Pacheco e dos Ipês.
O desvio construído pelo consórcio de empresas responsáveis pela execução da obra permitirá que o caminho de água siga seu destino com vazão para abastecimento de 6,23m3. A altura da lagoa é de 50 metros e o comprimento da crista é de 451 metros, com capacidade para armazenar 129 bilhões de litros de água. A obra, em conjunto com o Sistema Meia Ponte, garante água tratada para cerca de 2,3 milhões de pessoas.
Trabalho e meio ambiente – O projeto foi solicitado pelo BID há mais de 12 anos. Durante mais de cinco anos, as negociações do BID foram suspensas.
Em 1999, no início do governo atual, é que as negociações foram retomadas. O BID considera a obra como prioritária para abastecimento de água da população da Região Metropolitana de Goiânia. Além de abastecer, a barragem vai contribuir para a recuperação do Rio Meia Ponte, que corta a Capital.
O BID leva muito a sério os projetos que visam a despoluir os rios. Até agora, o empreendimento já garantiu cerca de 800 empregos diretos e 500 indiretos. Os recursos liberados para a construção da barragem garantem a implantação do sistema de esgoto na região noroeste de Goiânia. São os sistemas Caveirinha e São Domingos.
O município de Terezópolis, a 40 quilômetros da Capital, também será beneficiado com os investimentos aplicados na melhoria das redes de água e a construção de esgoto sanitário.
Proteção ambiental
Estudos alertam que em dois ou três anos, com as taxas de crescimento da população de Goiânia e adjacências, a água se tornaria escassa. A construção da barragem veio garantir o crescimento sustentável da região, além de atender aos municípios de Aparecida e Trindade, entre outras cidades.
A barragem faz parte de um projeto do governo do Estado para contribuir com a recuperação do Rio Meia Ponte. Para a formação de reservatório de acumulação é necessária a preservação e manutenção da qualidade da água; para isso, foi elaborado um projeto básico ambiental.
O objetivo é analisar as reações do solo, da fauna e sua relação com o homem. Os projetos visam a prevenir os impactos ambientais e reconstituir situações alteradas pela obra. Além de atender à legislação e à política de meio ambiente do BID, com programas considerados referência mundial do banco, divididos em seis categorias.
No meio biótico, o programa visa a recompor a flora do entorno do reservatório, curvas de níveis e preservação de vertentes, além do salvamento da fauna atingida, monitoramento e manejo da ictiofauna, estudos limnológicos, monitoramento da comunidade platônica e de plantas aquáticas, vigilância epidemiológica e controle sanitário de endemias.
No meio biofísico, o programa trata da implantação de unidades de conservação, manejo do solo orgânico, desmatamento e limpeza da área a ser inundada, enchimento do reservatório. No meio antrópico, trata do ordenamento territorial e uso do solo, educação ambiental, plano de contingência e análise de riscos. No meio físico/antrópico, a relocação da infra-estrutura atingida, e, no meio biótico/antrópico, a descontaminação da área, com a remoção de fossas, pocilgas e currais.
Além disso, o projeto conta com recursos ambientais e 34 programas, que serão realizados durante a implantação da obra. Dentre eles, podem-se destacar o Plano de Ação para Aquisição de Terras (PAAR), levantamento da fauna, recomposição florística, conservação do solo, desmatamento da área a ser inundada, estudos limnológicos, levantamento e monitoramento da ictiofauna, ordenamento territorial, uso e ocupação do solo, educação ambiental com interação da comunidade.
Esses programas foram desenvolvidos em parceria entre Saneago, Agência Ambiental e Secretaria do Meio Ambiente (Semarh). O objetivo maior é atender à legislação ambiental e à política de meio ambiente do BID. Todo trabalho é voltado para prevenção, monitoramento de possíveis danos futuros à natureza e à comunidade advindos da construção da barragem.
Para atender às necessidades dos estudos correntes e pesquisas, foram consultadas entidades e fundações ligadas às universidades goianas. Com pessoal técnicamente qualificado, as obras da barragem são um prato cheio para estudiosos e curiosos do processo de inundação.
Os especialistas acreditam no surgimento de surpresas em função das pesquisas, já que o manacial é fonte inesgotável de pesquisas e curiosidades.
A barragem
Já realizados 50% da obra Localizada no Ribeirão João leite, junto ao Morro do Bálsamo, à montante da cidade de Goiânia
451 metros - Comprimento total da crista
12 milhões de metros cúbicos - Volume total do reservatório
2,3 milhões de habitantes - População atendida
5,33m3/s - Abastecimento
3,00 m3/s - Vazão de diluição (até 2010)
0,90m3/s - Descarga mínima (a partir de 2010)
1040 ha - Área inundada (corresponde a 214,5 alqueires goianos)
(Diário da Manhã –GO, 13/10)