Pesquisadores realizam estudos que podem diminuir emissão de poluentes
2005-10-14
A oferta de petróleo vem obrigando o emprego de fontes renováveis de combustíveis. Na Europa, a utilização de biodiesel a partir do metano vem sendo aplicada há algumas décadas. No Brasil, boa parte da frota nacional roda com o popularmente chamado álcool, combustível de base etílica, extraído da cana-de-açúcar. As últimas três décadas registram a efetivação da rede de distribuição de álcool no Brasil, o que permite que o país avance no sentido não só da utilização, mas atue também como fonte exportadora desse produto como alternativa aos combustíveis fossilizados e de estoques cada vez mais escassos.
Ao mesmo tempo, há que se considerar a necessidade de emprego de catalisadores que viabilizem ambiental e economicamente as reações químicas observadas tanto na combustão metílica como na etílica.
O Departamento de Engenharia Química (DEQ) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) realiza testes em escala de laboratório relacionados com essas reações. Pesquisas avançam tanto na geração de hidrogênio por reforma a vapor do etanol quanto na reação de combustão catalítica do metano.
O DEQ trabalha na pesquisa e desenvolvimento de catalisador que possibilite o barateamento da produção em larga escala. Segundo o pesquisador Jose Mansur Assaf, as pesquisas focam a geração de hidrogênio para aplicação em células combustíveis. — A pesquisa feita em laboratório precisa, para atingir o mercado, de uma ampliação de escala. O trabalho em laboratório observa pequenas massas e volumes e avalia a estabilidade de acordo com variadas pressões e temperaturas-, comenta Assaf. O pesquisador ressalta que a próxima etapa, da qual depende uma aproximação entre a Universidade e o setor produtivo, é a transferência dos estudos de laboratório para centros de pesquisas que possibilitem testes avançados, que ampliem a escala e efetivem estudos pilotos e depois realizem testes em nível industrial.
Na UFSCar, a reação de combustão catalítica do metano vem sendo estudada para fins energéticos e de proteção ambiental. São investigados catalisadores que promovam a combustão em temperaturas menos elevadas, objetivando-se reduzir o consumo de energia nas reações e a emissão na atmosfera de óxidos de nitrogênio gerados a partir do ar, fonte de oxigênio utilizado no processo. Para isso, os testes realizados no DEQ utilizam na reação de combustão o catalisador a base de perovskita, um óxido composto de lantânio (La), manganês (Mn) e strôncio (Sr). Os resultados apontam que é possível, além do barateamento na produção, obter desempenho semelhante aos obtidos pelos escapamentos que atualmente utilizam metais nobres como cobalto (Co) e níquel (Ni), que são comercialmente bem mais caros. Além disso, busca-se também evitar a emissão na atmosfera de hidrocarbonetos não consumidos no processo de combustão, em motores de veículos alimentados com gás natural. (UFSCAR, 13/10)