Um olhar sobre os trabalhadores da floresta amazônica
2005-10-13
O fotógrafo Carlos Carvalho lança seu livro História Social da Borracha – Seringueiros do Acre, dia 13 de outubro, quinta-feira, 19h, no restaurante São Jorge e o Dragão (rua Sofia Veloso, 61 – Cidade Baixa, em Porto Alegre). O livro e a exposição de Carvalho sobre os seringueiros chegam ao público em momento de grave crise ambiental no Acre. Uma queimada gigantesca consome a floresta e ameaça as populações humanas e animais que vivem na mata e nos núcleos urbanos, expondo a vulnerabilidade de um ecossistema cada vez mais desejado por atividades econômicas não tradicionais na região.
A mostra com 30 imagens em preto e branco e o livro com 43 fotos são o resultado do trabalho realizado durante dez anos entre os companheiros de Chico Mendes, nos vales do Rio Acre e Juruá. As imagens, captadas entre 1992 e 2003, retratam o universo extrativista e as práticas educativas que compõem o cotidiano dos trabalhadores da floresta. Parte do trabalho mostra justamente seringais que estão sendo consumidos pelo fogo.
O fotógrafo revela os desafios no combate ao analfabetismo, na defesa dos conhecimentos tradicionais e na manutenção de um modo de vida que valoriza a convivência pacífica com os recursos naturais. Em imagens marcadas por grande impacto e sensibilidade que aliam rigor técnico e riqueza de informações, os leitores e visitantes serão apresentados aos protagonistas de uma história de resistência. Uma população que aprendeu a viver e trabalhar na floresta com baixíssimo impacto ambiental.
A temática amazônica não é nova para Carlos Carvalho. Em 1985, durante uma reportagem feita para o jornal Washington Post sobre os danos ambientais causados pela BR-364, em Rondônia, os conflitos pela propriedade da terra e os desafios para a manutenção da integridade da floresta amazônica despertaram seu interesse profissional. A partir daí, o cotidiano das organizações e dos seringueiros da Acre entraram em sua pauta.
A carreira de Carlos Carvalho é marcada pelo fotojornalismo diário e pela formação em artes plásticas. Além de aliar a noção de composição exercitada na pintura e a habilidade em selecionar informações, adquirida no jornalismo, seu trabalho incorporou os conceitos da fotografia documental. Para o fotógrafo, o momento de virada na sua trajetória profissional é a primeira fase do trabalho no Acre, durante os três anos que conviveu com os seringueiros.
Carlos Carvalho recebeu o prêmio Agfa-Leica 2005 na categoria preto e branco, teve seu trabalho incorporado à Coleção Masp/Pirelli e participa da exposição Citizens, inaugurada em Londres em janeiro e programada para visitar o Reino Unido e a Palestina.
A exposição História Social da Borracha - Seringueiros do Acre faz parte do Foto Arte Brasília 2005 (www.fotoartebrasilia2005.com.br) e pode ser visitada entre 6 e 30 de outubro, no Conjunto Cultural da Caixa Federal, em Brasília. O livro traz textos da ministra Marina Silva e do fotógrafo Pedro Vasquez. Mais informações : www.brasilimagem.com.br/borracha/primeira.htm Encomendas do livro pelo telefone (51) 3026-6903 ou no site borracha@brasilimagem.com.br. Veja algumas fotos em www.jornalja.com.br