Equipe da USP avaliou impacto ambiental para a Petrobras na Bahia
2005-10-11
Pesquisadores do Instituto Oceanográfico (IO) da USP entregaram à Petrobras, em meados de julho, um relatório sobre as condições ambientais dos ecossistemas aquáticos e manguezais na área de influência da Refinaria Landulpho Alves - Mataripe (RLAM), na Baía de Todos os Santos (BA). O documento encerrou as atividades do Promarlam, programa que atendeu a uma requisição do órgão de controle ambiental da Bahia (Centro de Recursos Ambientais, CRA) para renovar a licença de operação da RLAM.
O objetivo era avaliar os efeitos das atividades de refino e despejo de efluentes líquidos sobre os ecossistemas da região. O coordenador executivo do Promarlam, professor Rubens Lopes, informa que o programa incluiu a avaliação do impacto sobre as comunidades biológicas e sobre a qualidade da água e dos sedimentos. A atividade durou dois anos e teve o envolvimento de mais de cem pesquisadores, ligados a três universidades - USP (IO como núcleo central e o Instituto de Biociências), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Resultados Embora os resultados detalhados sejam confidenciais, até sua eventual divulgação pelo CRA ou pela Refinaria, Lopes comenta algumas constatações feitas pelo grupo de pesquisadores.
— De maneira geral, a presença de poluentes nos sedimentos é um problema maior do que a contaminação da água, que tem uma grande depuração devido às trocas com o oceano.
O professor também aponta que os manguezais que contornam a Baía de Todos os Santos apresentam alguns tipos de impacto.
Outro aspecto analisado foi a produtividade pesqueira da região, que envolveu o recrutamento de pessoal local.
— Isso foi necessário porque o recolhimento de dados era diário - diz Lopes. Para as demais avaliações, a freqüência das amostragens variou entre um e seis meses.
O Promarlam fez, essencialmente, o diagnóstico do impacto ambiental na área. Os resultados foram apresentados aos técnicos da Refinaria e do órgão ambiental no início deste mês, durante um workshop realizado em Salvador, e irão direcionar o programa de gestão ambiental da Refinaria. Segundo o professor, serão necessários estudos para verificar as fontes de poluição. O Pólo Industrial de Camaçari, localizado na mesma baía, congrega mais de 60 indústrias químicas, que também despejam seus efluentes na região.
Além disso, devido à falta de dados históricos, não é ainda possível avaliar precisamente até que ponto as ações de gestão ambiental da refinaria implementadas em anos recentes têm contribuído para minimizar os impactos a longo prazo.
— Isso se tornou uma preocupação apenas nas últimas duas décadas - afirma Lopes.
A RLAM, construída em 1949, é a segunda maior refinaria da Petrobras. A unidade produz propano, iso-butano, gás de cozinha, gasolina, querosene de aviação, parafina, óleos combustíveis e asfalto. Os principais poluentes são hidrocarbonetos, metais pesados e outros contaminantes derivados do processo de refino do petróleo.
O Promarlam recebeu financiamento da Petrobras, num total de R$ 2,3 milhões por ano. O coordenador geral do Projeto foi o professor Belmiro Mendes de Castro Filho, do IO. (Agência USP de Notícias, 10/10)