(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2005-10-11
Uma das maiores secas da história da Amazônia baixou até o Rio Negro. Em frente a Manaus, a profundidade não passa de 16 metros, quando a média é de 30. A estiagem é tão intensa que encalhou barcos pesqueiros e obrigou 13 municípios a decretar estado de alerta. As imagens do imenso rio praticamente seco são impressionantes. Mas não surpreendentes: elas confirmam as previsões dos cientistas de que o planeta vai mudar com o aquecimento global. Algumas dessas transformações já estão em curso. Desde que o furacão Katrina atingiu o sul dos EUA foram divulgados novos estudos que relacionam catástrofes naturais recentes às mudanças climáticas provocadas pelo homem. (Nota do Ambiente Já: veja o especial sobre o assunto no Universia: www.universia.com.br/materia/materia.jsp?materia=8774)

A emissão de substâncias poluidoras, como gás carbônico e metano, liberados por indústrias, queimadas e automóveis, reforça o efeito estufa, que aprisiona o calor do sol na atmosfera terrestre. Graças a isso, a temperatura média da Terra já subiu 0,6 grau Celsius no século XX, com conseqüências que vão do derretimento do gelo do Ártico à redução das neves eternas nas montanhas.

Agora foi a fez do Brasil. Em agosto, tradicionalmente mês de chuvas na região dos rios Negro e Solimões, a taxa de pluviosidade ficou 50% abaixo da média histórica. Isso tornou os rios tão rasos que a Capitania dos Portos alertou as companhias de navegação a não circularem com mais de 40% da capacidade total das embarcações. No final de setembro, o navio Grand Amazon, da Ibero Star, cancelou seus cruzeiros até novembro.

E a situação pode ficar ainda pior caso o planeta continue esquentando. Simulações feitas no Reino Unido demonstraram que o efeito estufa pode colocar a Terra em um permanente El Niño, o que tornaria seu clima mais quente e seco. – A Floresta Amazônica pode se transformar em uma imensa savana-, afirma José Marengo Orsini, pesquisador do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). – A Amazônia como conhecemos hoje pode durar mais 200 anos-, completa Philip Fearnside, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa). Essa previsão considera uma concentração de 550 partículas de gás carbônico por milhão de partículas de ar atmosférico. Atualmente são 380. E basta que essa taxa chegue a 400 para que a temperatura do planeta suba mais 2 graus.

Pode parecer pequena a diferença de temperatura. Mas para o planeta é enorme. Na era do gelo, a temperatura média era apenas 4,5 graus mais baixa que a atual. Agora, a previsão é de que para até o fim deste século ela aumente cerca de 4 graus. As previsões que avaliavam o efeito estufa há dez anos eram de que a temperatura fosse subir entre 0,2 e 0,6 grau por década. – Estudos recentes mostram que o aumento está perto das estimativas mais pessimistas-, diz David Vine, pesquisador da Unidade de Pesquisa Climática da University of East Anglia, no Reino Unido.

Os cientistas hesitam em relacionar cada desastre natural, como o furacão Katrina, ao efeito estufa. Mas um estudo publicado na revista Science em setembro revela que a freqüência de furacões mais fortes (categorias 4 e 5) quase dobrou nos últimos 35 anos.

– As conseqüências do aquecimento global já estão acontecendo-, afirma Fearnside. Uma evidência da ligação do Katrina com o efeito estufa seria o ganho de força do furacão depois de passar sobre as águas do Golfo do México, quando se tornou categoria 5. Estudos mostram que a temperatura na superfície do mar está 0,5 grau mais alta. Descobertas recentes também revelam que camadas mais profundas do oceano estão mais quentes do que se imaginava, o que aumenta a duração dos furacões.

As empresas de seguros, que pagam a conta dos desastres, foram as primeiras a perceber as mudanças do clima. No ano passado, os pagamentos de indenizações custaram mais de US$ 40 bilhões. Só com furacões, os gastos foram de US$ 30 bilhões, o que fez da temporada do ano passado a mais cara da História. Para este ano, um novo recorde já é dado quase como certo após a passagem arrasadora dos furacões Katrina e Rita pelo sul dos Estados Unidos. – Já temos hoje mais de US$ 40 bilhões em perdas seguradas e a temporada de furacões ainda nem acabou. Vai até dezembro-, explica Ernst Rauch, chefe do Departamento de Riscos do Tempo e do Clima da resseguradora alemã Munich Re, uma das maiores do mundo.

As mudanças no clima colocaram o Brasil na rota dos furacões. Um deles atingiu a costa de Santa Catarina em março de 2004. Foi o primeiro a ser registrado no Atlântico Sul. Também devem aumentar a freqüência e a intensidade dos tornados no país. O que passou por Indaiatuba, em 2004, pode ter sido só um aviso. – Antes a gente se preocupava com enchente e incêndio. Agora o risco são tornados e furacões-, diz Fernando Almeida, do Conselho Empresarial Brasileiro para Desenvolvimento Sustentável. (Época, 10/10)

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -