Indústria da madeira é cada vez mais afetada por políticas de certificação
2005-10-11
A indústria da madeira localizada na América do Norte e em países europeus está migrando algumas de suas operações para a China, ao mesmo tempo em que mantém operações domésticas de mercado. As políticas de certificação estão influenciando todos os mercados de produtos florestais na região da UNECE – Comissão para a Europa da União das Nações Unidas. As conclusões são do mais recente relatório da entidade, publicado no final da semana passada.
Segundo o documento, as políticas de certificação estão influenciando de forma significativa todos os mercados de produtos florestais na região da UNECE, que abrange a Europa e a América do Norte. Cerca de 50% das florestas da Europa oriental e da América do Norte estão agora certificadas por programas de gerenciamento florestal sustentável, de acordo com programas independentes, reconhecidos internacionalmente. As florestas certificadas na América do Norte e na Europa perfazem hoje cerca de 96% das florestas certificadas do mundo.
A demanda por produtos certificados está aumentando, trazendo preocupações com relação à sustentabilidade do abastecimento, tanto para companhias fornecedoras quanto compradoras da cadeia produtiva de madeira e produtos de papel, especialmente nas modalidades de negócios business-to-business e entre governos.
O número de florestas tropicais certificadas, porém, é consideravelmente inferior – apenas 1% das florestas certificadas. Agora é difícil exportar produtos de florestas sem certificação para mercados ambientalmente sensíveis na região da UNECE – por exemplo, para a Holanda e o Reino Unido. De modo diverso, os produtos de madeira derivados de florestas tropicais em países como a Malásia, por exemplo, estão tendo maiores oportunidades para o aumento das exportações e o crescimento do mercado. Muitos países tropicais não são capazes de obter a certificação em curto período e estão defendendo uma abordagem fase a fase rumo à certificação sustentável de suas florestas, a fim de permitir o acesso dos mercados durante o período de transição necessária e para manter os retornos de pagamento dos custos do desenvolvimento da certificação.
Na Rússia, a certificação de produtos sustentáveis de florestas está começando e, de acordo com previsões, será desenvolvida futuramente. Na Europa e na América do Norte, a grande maioria de donos de florestas não recebeu qualquer prêmio por vendas de madeira certificada.
Diante das preocupações sobre corte ilegal de madeira e outras questões, as empresas do setor, sozinhas ou por meio de suas associações, estão estabelecendo programas corporativos de responsabilidade social a fim de proteger e mesmo obter mercado para dividirem mercados ambientalmente sensíveis. Muitas companhias de produtos florestais estão desenvolvendo valores ambientais e sociais de florestas, ao mesmo tempo em que mantêm sua viabilidade econômica. Essas companhias estão visando à minimização do risco por meio do uso de fontes controversas, pela compra sustentável, ou pela produção legal de madeira. Algumas empresas estão se beneficiando do crescimento de mercados locais e de políticas governamentais de promoção de fontes específicas de sustentabilidade na exploração da madeira.
Associações comerciais afirmam que os múltiplos programas de certificação estão se tornando complexos, com ampla variação quanto aos seus requerimentos, que algumas vezes especificam somente alguns esquemas de certificação. Além disto, esses programas são caros até que se consiga atingir os requerimentos especificados. As associações querem harmonização entre requerimentos de diferentes políticas públicas dos governos. É necessário, portanto, incrementar a compreensão e a comunicação entre políticas públicas e privadas.
Em termos econômicos, a economia mundial deve permanecer robusta,
Embora a taxa de expansão tenha declinado levemente, de 3,8%, em 2004, para cerca de 3%, em 2005 e 2006. Os maiores motores de crescimento têm sido a China e os Estados Unidos, mas existe um sólido crescimento na Europa central e ocidental e no sudeste da Europa. A zona de influência do euro, contudo, mostrou um apenas relativo crescimento – inferior a 2% em 2004 – e uma queda de cerca de 0,25% é esperada em 2005. O recorde de aumento dos preços do petróleo estão prejudicando a atividade econômica. Os preços Domésticos apresentaram crescimento sem precedentes nos últimos anos em alguns países, notavelmente nos Estados Unidos.
No que diz respeito à madeira como fonte de energia, deve-se esperar um leve crescimento para 2005 e 2006. Os danos causados por temporais na Eslováquia no final de 2004 – 7 milhões de metros cúbicos afetados – e na região do Báltico, no início de 2005 – 85 milhões de metros cúbicos atingidos, dos quais 75 milhões de metros cúbicos principalmente na Suécia –, influenciam estas tendências. Na Suécia, quase metade do volume de áreas destinadas ao plantio da madeira foram devastados. Apesar disto, as exportações de madeiras de árvores do tipo resinosas têm aumentado, e as importações, diminuído. As condições de mercado anteriores ao temporal devem se repetir entre 2007 e 2008. Os furacões que assolaram a região do Golfo no segundo semestre de 2005 também vão trazer elevados volumes de madeira ao mercado, ao mesmo tempo criando uma demanda na área de reparos domésticos e reconstrução. A competição global tem forçado o aumento do preço da madeira em muitos mercados, embora a elevada demanda por energia proveniente da madeira possa trazer preços melhores. Há evidências de que o consumo de energia da madeira vem crescendo em muitas regiões, sob a influência dos elevados preços do petróleo e sob políticas públicas destinadas a incentivar o uso de energias renováveis, vindo ao encontro dos compromissos do Protocolo de Kyoto.
O consumo de madeiras leves chegou a níveis recordes em 2004, na região da UNECE, e prevê-se um aumento de aproximadamente 2% para 2005 e 2006 na Europa e na América do Norte, e ainda maior na Rússia. A produção e o comércio também devem crescer nesta área em todas as subregiões em 2005,
Embora, em 2006, as exportações devam cair levemente na Europa e na América do Norte. Pela primeira vez desde 1998, as exportações de madeiras leves da Rússia não deverão crescer em 2006, o que está de acordo com a previsão de um aumento no consumo doméstico deste tipo de produto. As exportações da Rússia para seu mais importante mercado, o do Reino Unido, caíram por causa da falta de certificação com programas de gestão de florestas sustentáveis. Para conseguir maior cooperação entre as indústria que trabalham com madeira, a Confederação Européia de Indústrias que Operam com Madeira (CEI-Bois) lançou o Roadmap 2010 – um plano de ação para o reconhecimento público de produtos de madeira como materiais de referência.
Já no que diz respeito a madeiras pesadas, o comitê da UNECE prevê otimismo no mercado para 2005 e 2006, com aumentos na Europa e América do Norte quanto ao consumo, produção e comércio. A demanda por madeiras pesadas deve aumentar 5%, em 2005, na Europa, e 4% na América do Norte, e um pouco menos que isto em 2006. Já as previsões para os Estados Unidos no setor dão conta de aumento das importações em 2005 e 2006, presumivelmente na modalidade offshore, com aumentos de 5% e 9% das importações, em 2005 e 2006, respectivamente. As exportações para o Pacífico vão reduzir-se para os níveis de 2004.
Maiores informações sobre os dados do relatório da UNECE estão no site www.unece.org/trade/timber/mis/forecasts.htm.
(Fonte: UNECE, 8/10)