Mercado mundial quer conhecer know how brasileiro em biocombustíveis
2005-10-10
O mundo está cada vez mais interessado em conhecer o know how do Brasil na área de biocombustíveis. Os convites de outros países ao governo brasileiro para participar de workshops sobre produção de álcool combustível confirmam isso. — Somos convidados freqüentemente para fazer palestras nesses eventos, além de recebermos pedidos para dar assessoria às nações que pretendem instalar destilarias-, diz o diretor do Departamento de Cana-de-Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Ângelo Bressan.
Sobre a mesa do gabinete de Bressan repousam convites feitos ao governo brasileiro pela Alemanha, Índia, Jamaica e Senegal. O Reino Unido também quer conhecer a tecnologia nacional de produção de biocombustíveis. Esse crescente interesse deve-se ao fato de que o Brasil é o maior produtor e exportador mundial de álcool extraído de cana-de-açúcar. Outros dois fatores também contribuem para isso: os altos preços internacionais do petróleo e a previsão de que as reservas do produto em todo o planeta vão se esgotar em 50 anos.
Na próxima quinta-feira, por exemplo, Bressan faz palestra durante um seminário sobre álcool combustível na cidade de Magdeburg, perto de Berlim, na Alemanha. —Os alemães estão interessados em investir no setor sucroalcooleiro brasileiro. Vamos mostrar a eles que a cadeia produtiva tem grandes oportunidades de negócios-, adianta o diretor do Departamento de Cana-de-Açúcar e Agroenergia do Mapa. O Brasil também recebeu convites para participar de eventos semelhantes ainda este mês na Índia e em novembro no Senegal.
Outros países estão buscando uma cooperação mais efetiva do Brasil para instalar a infra-estrutura tecnológica necessária à produção de álcool. Este é o caso da Jamaica, que pediu ao governo federal o envio de dois técnicos brasileiros, especializados em Agronomia, para orientar seus produtores de cana-de-açúcar pelo período de um a dois meses.
O Brasil está preparado para atender à demanda mundial por tecnologia sucroalcooleira e álcool, garante Bressan. Os técnicos brasileiros têm kwow how suficiente para orientar outros mercados a construir a infra-estrutura necessária para produzir álcool. O país também tem condições de aumentar significativamente a produção de cana-de-açúcar. — Temos uma capacidade quase ilimitada para produzir cana e álcool combustível.
Na safra 2005/06, o Brasil deve produzir 390 milhões de toneladas de cana destinadas à fabricação de álcool combustível e açúcar. Esse volume permitirá destilar 16 bilhões de litros de etanol e 27,2 milhões de toneladas de açúcar. As exportações de álcool devem chegar a 2 bilhões de litros e as de açúcar, a 17 milhões de toneladas. De janeiro e agosto deste ano, o país exportou 1,6 bilhão de litros de álcool, com faturamento de US$ 450 milhões. No mesmo período, os embarques de açúcar totalizaram 12,3 milhões de toneladas, representando US$ 2,5 bilhões.
Mas a demanda por álcool combustível não cresce apenas no mercado externo. — O consumo doméstico também está crescendo muito rápido por causa dos carros flex-, destaca Bressan. De março de 2003 a agosto deste ano, informa ele, 850 mil novos veículos bicombustíveis passaram a circular no país. — Até o final de 2005, devemos ter um milhão desses carros rodando em nossas cidades-. Segundo ele, o consumo de álcool combustível no Brasil está aumentando em quase 1 bilhão de litros por ano. (Ministério da Agricultura, 8/10)