Apesar do desmatamento, diversidade biológica da Mata Atlântica se mantém em níveis razoáveis
2005-10-07
Apesar de a agricultura causar grande impacto na fauna, principalmente sobre as espécies de pequenos mamíferos (roedores e marsupiais), a diversidade biológica da Mata Atlântica no Estado de São Paulo se mantém em níveis razoáveis. Quem informa é o professor Luciano Martins Verdade, do Departamento de Zootecnia da Escola Superior de Agrícola Luiz de Queiroz (Esalq) da USP em Piracicaba.
O pesquisador estuda há alguns anos a diversidade de espécies de vertebrados (aves, mamíferos e peixes) em trechos de Mata Atlântica restantes e em ambientes agrícolas (pastagens, plantações de cana-de-açúcar e reflorestamentos de eucalipto) da bacia do rio Passa-cinco (afluente do rio Corumbataí, localizado na região entre Itirapina e Rio Claro).
Para ele, o impacto da destruição foi menor do que o esperado.
— Os animais não utilizam somente estas áreas remanescentes, mesmo com a perda de praticamente 90% da área original.
— A justificava é a de que os animais vêm mostrando uma boa capacidade de adaptação nas áreas agrícolas.
Com a constatação desta capacidade de adaptação, Verdade projeta que será possível conciliar os interesses ambientais com os agrícolas.
— A fauna silvestre faz parte da paisagem agrícola, e, daqui por diante, ações para conciliar a conservação ambiental com a produção agrária devem ser tomadas. A sociedade tem que se preparar para esta capacidade adaptativa das espécies.
Como exemplo, o professor da Esalq aponta que a pesquisa encontrou cinco espécie de felídeos (gatos silvestres), entre eles a onça parda.
— Isso pode gerar novos conflitos. A Universidade deve ser capacitada para formar profissionais capazes de lidar com esses problemas, quando a fauna silvestre entrar em contato direto com a produção agropecuária. Por exemplo, quando houver a predação de gado por onças pardas e pintadas.
Com a descoberta, Verdade acredita que a filosofia conservacionista deve sofrer uma mudança de paradigma. O estudo foi financiado pelo Biota, programa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) criado para realizar um inventário das características da biodiversidade existente em São Paulo. (Agência USP de Notícias, 06/10)