(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2005-10-07
O bispo de Barras (BA), D. Luiz Cappio, que entrou em greve de fome há 11 dias contra o projeto de transposição do rio São Francisco, decidiu encerrar o protesto. Reunido duas vezes com o ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, nesta quinta-feira (6), o bispo aceitou um acordo no qual o governo promete suspender o projeto de transposição e prolongar o período de debates. D. Luiz também foi se encontrar, no final da tarde, com o núncio D. Lorenzo Baldisseri, representante do Vaticano no Brasil, que o aguardava na cidade de Cabrobó (PE).

Segundo o deputado estadual Frei Sergio Görgen (PT-RS), que participou da reunião ao lado do bispo, após uma primeira recusa de aceitar as propostas iniciais do governo, consideradas muito inconsistentes, em uma segunda conversa com o ministro, D. Luiz teria recebido a garantia de que o governo fará um grande projeto de desenvolvimento para o semi-árido nordestino, no qual se avaliará a necessidade da transposição do São Francisco. Frei Sergio disse também que o bispo avisou que, em caso de quebra de acordo por parte do governo, ele voltaria à greve de fome, e desta vez não estará sozinho, garante o deputado.

O quanto o governo pretende ceder em relação ao projeto original e ao prazo de início das obras da transposição ainda não está claro. O governo concordou em suplementar em R$ 300 mil ao ano o orçamento para a revitalização do Rio, e o deputado Fernando Ferro (PT-PE) apresentou nesta quinta parecer em que aprova a criação do fundo de revitalização da bacia do São Francisco. A proposta para a criação do Fundo tramita no Congresso desde 2002 e prevê que sejam destinados ao fundo parte dos royalties das empresas de energia elétrica e 0,2% da arrecadação da União pelos próximos 20 anos, o que garantiria R$ 5 bilhões à revitalização.

Um fator importante que pode ter influenciado a posição do governo foi uma decisão judicial contra a licença ambiental concedida ao projeto de transposição. Na noite de quarta (5), a 14ª Vara Federal da Bahia concedeu liminar de suspensão do licenciamento ambiental do Ibama para a obra de transposição do São Francisco, em resposta à Ação Civil Pública ajuizada no último dia 29 de setembro pelo Ministério Público Federal (MPF) na Bahia, a OAB- Seção Bahia, a Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais no Estado da Bahia (AATR) e o Fórum Permanente de Defesa do São Francisco, entre outros. Segundo o MPF, a ação apresenta uma série de irregularidades na concessão do Ibama, que seriam de tal monta que comprometem a própria validade do licenciamento ambiental, como diz o parecer da Justiça.

Ainda de acordo com o MPF, com a liminar foram suspensos os efeitos da Licença Prévia e o Ibama fica impedido de conceder a Licença de Instalação que falta para a execução da obra. A União também não pode praticar qualquer ato para a concretização do projeto, como a efetivação da licitação pública em curso ou qualquer contratação antes da correção das irregularidades do licenciamento.

A realização de um plebiscito nacional sobre a transposição do São Francisco pode, agora, ser uma solução ideal para o confronto entre defensores e opositores da transposição do rio. A avaliação é do sociólogo Adriano Martins, amigo do bispo que esteve com ele desde o inicio da greve de fome. Martins acredita que a aceitação do governo de que a questão seja definida por um referendo popular seria um sinal de que nada será feito sem um amplo debate na sociedade.

O plebiscito já vem sendo solicitado por vários movimentos sociais, como o MST e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), e deve ser adotado como uma grande bandeira do coletivo dos opositores do atual projeto de transposição. Concretamente, no entanto, o processo de aprovação de um plebiscito pode ser demorado, se seguir os trâmites normais no congresso.

No momento, dois projetos referentes a um plebiscito sobre a transposição tramitam no Congresso. Na Câmara, o projeto de decreto legislativo já foi aprovado pelas comissões de Meio Ambiente e Minas e Energia, e encontra-se na Comissão de Constituição e Justiça. Segundo o deputado João Alfredo (PSOL-CE), autor do substitutivo que está em tramitação, o Poder Executivo poderá, até o dia da consulta, realizar estudos e consultas sobre impactos socioambientais e outros aspectos do projeto, mas a contratação dos serviços e o início das obras só poderão ser efetivados no caso de aprovação no plebiscito.

Já na Igreja o clima parece ter esquentado nesta quinta, após a manifestação do arcebispo da Paraíba, Aldo di Cillo Pagotto, contra o protesto de Dom Luiz e pelo início imediato das obras de transposição.

A resposta a Pagotto veio em forma de uma declaração pública assinada por Dom Tomás Balduino, presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT). No documento, a CPT afirma que o arcebispo, ao interpretar, a seu modo, a carta que a Presidência da CNBB enviou ao Presidente Lula, ao contabilizar Bispos dos estados da Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Alagoas a favor da transposição do São Francisco, trabalha com o nefasto objetivo de dividir o Episcopado brasileiro, expondo publicamente esta divisão e assim dando ganho à causa da transposição.

O documento também acusa os signatários de colaborarem com as empreiteiras e com o grande capital que estão de olho nesta obra gigantesca, uma vez que já se esgotou no Nordeste a rendosa perspectiva de construção de açudes e hidrelétricas.

— A leitura que Dom Aldo faz do gesto de Dom Luís como uma espécie de eutanásia é cruel e irônica sobre o momento mais sagrado e mais sublime da vida deste bom Pastor. Dom Luís não se cansa de dizer que não quer morrer, quer viver e quer a vida do povo do semiárido e do São Francisco. (...) Esperamos que esclarecimentos divisionistas como este não venham fortalecer as forças econômicas e políticas que não hesitam em passar por cima da vida do nosso Irmão decidido a só sair de Cabrobó em procissão ou no caixão, termina a nota. (Agência Carta Maior, 06/10)

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -