Simulação de acidente comprova risco das usinas em Angra
2005-10-07
A Eletronuclear fez hoje uma simulação de evacuação das usinas de Angra 1 e 2, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. A empresa estatal responsável pelas usinas é obrigada a realizar o exercício periodicamente, tendo como objetivo preparar os funcionários e os moradores da região para um possível acidente em um dos reatores. Iniciada às 8h, a atividade teve a participação de 600 policiais militares, bombeiros, integrantes do exército, da marinha e da aeronáutica. Segundo a Eletronuclear, foram removidos moradores em um raio de cinco quilômetros em torno das usinas.
— O simples fato de ser necessário um exercício de evacuação só vem reforçar que a energia nuclear é perigosa, e usá-la significa expor a população a riscos desnecessários. Além disso, é uma fonte energética suja, cara e ultrapassada - disse Guilherme Leonardi, coordenador da campanha antinuclear do Greenpeace.
Para simular um deslizamento de terra, a Sape (Sociedade Angrense de Proteção Ecológica) impediu o tráfego em uma das pistas da BR-101 (Rio-Santos) na ponte sobre o Rio Jurumim, onde foram descarregados 8 m3 de pedras.
— A intenção foi demonstrar que o plano de emergência é ineficaz e não oferece segurança nenhuma caso seja necessária a evacuação - afirmou Ivan Neves, diretor da Sape.
— Existem diversos acidentes que poderiam impedir a fuga da população pelo único meio possível, a BR-101, deixando a população exposta a sérios riscos - acrescentou. Para a remoção das pedras que simulavam um acidente natural foram necessárias mais de duas horas e meia.
A cidade de Angra dos Reis já tem duas usinas nucleares e o governo federal quer construir a terceira, retomando o Plano Nuclear Brasileiro. O investimento estimado para a construção de Angra 3 é de bilhões de dólares, e a retomada de todo o Plano custaria mais de R$ 30 bilhões até 2022, o que também incluiria a instalação de mais seis usinas de grande e pequeno porte. (Greenpeace Brasil, 06/10)