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2005-10-07
Cerca de 200 índios das aldeias tupiniquim e guarani ocuparam, na manhã desta quinta-feira (06/09), três prédios, inclusive da administração, da empresa Aracruz Celulose, no município de Aracruz. Em maio deste ano, índios das mesmas aldeias já haviam ocupado 11 mil hectares de terras da empresa, na região. Os índios exigiram a presença do presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, ou do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, para se retirarem. As tribos explicaram que o ato tem como objetivo protestar contra as interferências do Governo Federal e as imposições da Aracruz Celulose no processo de regularização das terras, consideradas propriedades das aldeias. O movimento visa também agilizar o processo de regularização da área.

Em nota divulgada na manhã desta quinta-feira, a Comissão dos Caciques e Lideranças Tupiniquim e Guarani justifica a ocupação como uma forma de manifestar publicamente a retomada de terras que estavam em poder da empresa até maio deste ano.

No documento, a comissão ressalta que há mais de 35 anos as terras estão em poder da multinacional.

— As suas fábricas, hoje por nós ocupadas, estão construídas sobre a nossa antiga aldeia Macacos. Responsabilizamos a Aracruz Celulose pelos principais problemas que vivemos durante todos estes anos. Ela é responsável pela destruição dos rios, das matas, da terra e a quase desestruturação da nossa cultura e do nosso modo de vida - salienta o comunicado.

Os índios chegaram pintados e armados, como se estivessem preparados para a guerra, mas não enfrentaram resistência para entrar na área da empresa. As polícias militar e civil foram acionadas para agir em caso de tumulto. De acordo com o articulador da comissão das aldeias, Paulo Henrique, os manifestantes foram preparados para permanecer no local até que fossem atendidos pelas autoridades.

— Se a empresa entrar na Justiça, nós vamos resistir, mesmo que a polícia seja acionada.

O procurador da República, André Pimentel, chegou no fim da manhã ao município de Aracruz e se reuniu com os caciques das aldeias. Ele levou um documento da Funai, informando que o processo de regularização dos 11 mil hectares de terra, que os índios reivindicam, foi enviado para o Ministério da Justiça no final do mês de agosto.

A ocupação das instalações da Aracruz não paralisou a produção nas três fábricas da empresa, que deve ingressar na Justiça contra a ação dos índios para garantir a retomada do patrimônio. De acordo com o gerente de Comunicação com a Comunidade da empresa, Gessé Moura Marques, a empresa, maior produtora mundial de celulose esbranquiçada de eucalipto, não esperava uma ação dessa proporção por parte dos índios.

— O sentimento da empresa é de perplexidade diante da forma que essas comunidades invadiram as instalações oficiais da Aracruz - comentou.

— A responsabilidade da companhia é manter o funcionamento da fábrica, em respeito não só aos nossos compromissos, mas também aos nossos clientes e funcionários. Entendemos, lamentavelmente, que isso demonstra ao país e ao mundo as fragilidades das instituições do país, com uma invasão hostil dessa natureza - disse ele. (Jornal do Brasil Online, 06/10)

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