Mudança climática mata milhões em países subdesenvolvidos
2005-10-07
A mudança climática e a contaminação do meio ambiente são a causa de morte prematura de milhões de pessoas nos países em desenvolvimento e prejudicam o desenvolvimento econômico dessas nações. A informação é de um estudo do Banco Mundial, revelado ontem (6/10).
O documento aponta a rápida urbanização e a falta de higiene como os principais riscos para a saúde nos países subdesenvolvidos, e atribui ao aquecimento global o importante aumento dos casos de malária e dengue. Também vincula o aumento da incidência de câncer com fatores ambientais.
Conforme o Banco Mundial, cerca de 1,1 milhão de pessoas não têm acesso a águas que ofereçam mínima garantia sanitária, e 2,6 milhões não dispõem de sistema de saneamento de águas residuais. Como conseqüência, a cada ano produzem-se 4 milhões de casos de diarréia, que causam a morte de 1,8 milhão de pessoas, principalmente a crianças de menos de cinco anos.
Os autores do estudo denunciam os baixos investimentos em medidas para saneamento da água, que, em 2000, somente aumentou em US$ 1 milhão – o que corresponde a 10% do gasto total com água. A contaminação atmosférica, por sua vez, causaria umas 800 mil mortes prematuras por ano nas cidades, enquanto que o uso de chaminés para calefação seria responsável por 1,6 milhão de mortes no entorno rural, já que muitos casos de infecção respiratória aguda são causados pela contaminação do ar em ambientes internos. Na Guatemala 36% da mortalidade infantil deveram-se a esta causa entre 1997 e 2000.
A exposição a substâncias químicas tóxicas também tem um impacto crescente sobre a saúde dos mais pobres, em especial as crianças. Cerca de 60% da mão-de-obra infantil encontram-se expostos a riscos laborais, e mais de 25% desses riscos são derivados do uso desses produtos. –Sem uma mão-de-obra sã e produtiva, não teremos o crescimento econômico necessário para garantir que os países pobres deixem de sê-lo, pois a população com menos recursos é a mais vulnerável dos entornos contaminados–, assinala Warren Evans, diretor do departamento para o Meio Ambiente do Banco Mundial. (El Mundo, 7/10)