Para cientista, tubarão cruza oceanos em busca de amor
2005-10-07
Um tubarão branco atravessou o oceano Índico, viajando da África do Sul à Austrália, e de volta, em uma jornada de até 20 mil quilômetros, em apenas nove meses. Ramon Bonfil, da Sociedade Conservacionista da Vida Selvagem, em Nova Iorque, e seus colegas ficaram supresos com a longa viagem do tubarão fêmea, batizado de Nicole, em homenagem à atriz australiana Nicole Kidman.
–Nós suspeitamos que ela viajou tendo o objetivo de se reproduzir–, disse Bonfil.
–Há muitos alimentos na África do Sul e ela estaria consumindo energia demais só para ir à Austrália para comer. Claro que nós não podemos comprovar isso neste momento, é apenas uma suspeita–, assinala.
Este foi um dos vários animais em que os pesquisadores colocaram um artefato para monitoramento por satélite em uma tentativa de aprimorar estratégias conservacionistas.
Em artigo na revista Science, os pesquisadores disseram que esta é uma viagem quase única entre os peixes – só o atum consegue ter um desempenho semelhante.
Os cientistas tiveram dificuldade para colocar o artefato rastreador no animal – várias pessoas tiveram que segurar o tubarão fêmea para instalar o sensor na sua barbatana.
Os conservacionistas estavam estudando a distância percorrida pelos tubarões para verificar que medidas de proteção podem ser necessárias para impedir sua extinção.
Vários tubarões migraram da África do Sul às águas territoriais de Moçambique, onde os animais não são protegidos.
Acreditava-se que os tubarões brancos se mantinham nas regiões costeiras.
A viagem teve uma rota determinada e o tubarão permaneceu perto da Austrália por um curto período.
Os pesquisadores dizem que o fato de terem observado 20 tubarões fazerem longas viagens sugere que este seja um compotamento comum.
A preocupação dos conservacionistas é que esse tipo de migração torne os tubarões vulneráveis à pesca.
Já se sabe que tubarões de menor porte são capturados e mortos dessa forma.(BBC, 7/10)