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2005-10-06
Por Francis França
A greve de fome do Frei Luiz Cappio contra a transposição do Rio São Francisco, que hoje completa 11 dias, ganhou um aliado digital. O website www.umavidapelavida.com.br lançou uma campanha de apoio ao rio e ao bispo. Com o título Salve o São Francisco. Salve o Frei Luiz, a página - que disponibiliza um abaixo-assinado digital desenvolvido pelo Fórum Permanente de Defesa do Rio São Francisco - já conta com mais de 14.600 assinaturas e quase mil manifestações de apoio.

No topo da página há um contador dos dias de jejum do frei, com o apelo de que o tempo está se esgotando. Além do abaixo assinado e de notícias sobre o caso, o website traz comentários de especialistas, a carta enviada por frei Luiz ao presidente Lula e diversas opções de apoio à campanha. Em uma das seções, o internauta pode fazer download do logotipo do movimento para imprimir em adesivos, camisetas, cartilhas, faixas, outdoors, pôsteres e santinhos.

Um dos links descreve as razões pelas quais o movimento é contra a transposição do Rio São Francisco. Os principais argumentos são que o projeto acabará beneficiando apenas 5% da superfície do semi-árido, além de envolver um volume exorbitante de recursos dos cofres públicos. A mensagem diz que a operação do sistema de transposição terá um custo de cerca de R$ 80 a R$ 100 milhões por ano, divididos entre os quatro Estados beneficiários do projeto: Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Esse volume enorme de recursos vai comprometer grande parte dos investimentos dos próximos governos, sem melhorar, de fato, o quadro de seca na região.

O movimento defende que o rio seja revitalizado antes da distribuição das águas, e sugere alternativas realmente viáveis, como o uso racional da água e a construção de cisternas e microbarragens para resolver o problema da seca.

Junto ao abaixo-assinado, o website disponibiliza uma carta do frei Luiz, enviada à população em 30 de setembro. Leia a íntegra:

Estou desde o dia 26 de setembro de 2005, dia do aniversário de São Francisco, em jejum e oração permanente. Estou em Cabrobó, Pernambuco, às margens do Rio São Francisco, numa capela dedicada a São Sebastião. Minha disposição, amadurecida e lúcida, é de dar a minha vida pela vida do Rio São Francisco e de seu Povo, contra o projeto de transposição e em favor de soluções verdadeiras e sustentáveis para a região semi-árida.

Há mais de 30 anos, buscando ser fiel a Jesus Cristo e a meu pai São Francisco, identifiquei minha vida sacerdotal com o Rio São Francisco e seu Povo. Neste momento, apenas procuro manter-me coerente com esta opção. Não quero morrer, mas quero a vida verdadeira para o Rio São Francisco e para o todo o Povo Sanfranciscano e do Nordeste!

Meu gesto é o último recurso que me resta para fazer o Governo Federal desistir desta obra insana e mentirosa, que é a transposição. Minha luta é também pelo sagrado direito de vocês a ter água boa e vida digna. Não é de maneira nenhuma um gesto contra vocês.

Há muito tempo os poderosos querem fazer vocês acreditarem que só a água do Rio São Francisco pode resolver os problemas que vos afligem todos os anos no período da seca. Não é verdade. Estes mesmos problemas são vividos a pouca distância do Rio São Francisco. Ter água passando próxima não é a solução, se não houver a justa distribuição da água disponível. E temos, perto e longe do rio, muitas fontes de água: da chuva, dos rios e riachos temporários, do solo e do subsolo. O que está faltando é o aproveitamento e a administração competente e democrática dessas águas, de modo a torná-las acessíveis a todos, com prioridade para os pobres.

Não lhes contam toda a verdade sobre este projeto da transposição. Ele não vai levar água a quem mais precisa, pois ela vai em direção aos açudes e barragens existentes e a maior parte, mais de 70%, é para irrigação, produção de camarão e indústria. Isso consta no projeto escrito. Além disso, vai encarecer o custo da água disponível e estabelecer a cobrança pela água além do que já pagam. Vocês não são os reais beneficiários deste projeto. Pior, vocês vão pagar pelo seu alto custo e pelo benefício dos privilegiados de sempre.

Não estivesse o Rio São Francisco à beira da morte e suas águas fossem a melhor solução para a sede de vocês, eu não me oporia e lutaria com vocês por isso. Tenho certeza que o generoso povo do São Francisco faria o mesmo.

Peço-lhes encarecidamente que me compreendam, busquem mais informações corretas de pessoas honestas, se organizam e lutem pela convivência com o semi-árido, que é a única e verdadeira saída para todos nós do Nordeste.

Senhor, Deus da Vida, ajude-nos! Louvado sejas, pela Irmã Água, preciosa e casta, humilde e boa!

Recebam meu abraço e minha benção,

Dom Frei Luiz Flávio Cappio, OFM
Bispo Diocesano da Barra - BA


Perfil do frei Luiz - da Agência Folha
Filho de um técnico em tecelagem e de uma dona-de-casa, imigrantes italianos de classe média, o bispo de Barra (BA), frei Luiz Flávio Cappio, 59, é formado em economia, profissão que nunca exerceu.

Cappio pretendia ser arquiteto, mas, quando terminou o segundo grau -hoje equivalente ao ensino médio- entrou no seminário franciscano de Guaratinguetá (SP), cidade onde nasceu e morava com a família.

Seguindo os estudos religiosos, ele viajou para Rodeio (SC), Curitiba (PR) e Petrópolis (RJ). Em 1971, foi ordenado pelo ex-arcebispo de São Paulo dom Paulo Evaristo Arns. No ano seguinte, formou-se em economia na Universidade Católica de Petrópolis.

Em 1973, Cappio viajou para São Paulo para trabalhar, já como sacerdote, ao lado do frei Luiz Maria Sartori, dirigente da Pastoral Operária. Na época, percorria as fábricas para divulgar sua crença -mesmo período em que o presidente Lula era sindicalista. O encontro dos dois só ocorreu, entretanto, em 1994, quando o então candidato a presidente passou por Bom Jesus da Lapa (BA), na Caravana da Cidadania pelo rio São Francisco.

Cappio já estava na Bahia havia 20 anos. Em 1974, ele seguiu para o Estado só com a roupa do corpo e o hábito de frei. Como não tinha documentos, foi preciso que a ordem franciscana confirmasse sua identidade.

Ele se fixou em Barra (610 km de Salvador), às margens do rio São Francisco. Iniciou em 4 de outubro de 1992 -dia de são Francisco e data de seu aniversário- uma peregrinação da nascente à foz do curso dágua. A caminhada terminou um ano depois -as anotações feitas durante o percurso se transformaram no livro Rio São Francisco, uma caminhada entre vida e morte, publicado em 1995 pela editora Vozes. Há oito anos, Cappio foi nomeado bispo da diocese de Barra.

Admirador confesso do presidente Lula, o religioso participou de diversas campanhas eleitorais do PT.

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