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2005-10-06
O Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) promoverá, entre os dias 6 e 10 de novembro, a 2ª Conferência Regional sobre Mudanças Globais: América do Sul. O objetivo do evento, que é internacional e multidisciplinar, é discutir os reais impactos das mudanças climáticas globais na América do Sul.

Dentre os temas a serem abordados, um dos destaques é a plenária sobre a modelagem do clima regional e da evolução dos ecossistemas. O professor Humberto Ribeiro da Rocha, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, que será um dos debatedores, desenvolve pesquisas relacionadas ao tema na Amazônia, nos cerrados do Centro-Oeste e na Mata Atlântica. Na Amazônia, os trabalhos fazem parte do Projeto LBA (do inglês, Large Scale Biosphere – Atmosphere Experiment in Amazonia), uma iniciativa internacional de pesquisa, liderada pelo Brasil, que envolve pesquisadores de diversas áreas, como químicos, físicos, meteorologistas, biólogos, agrônomos e hidrólogos. Nos cerrados e na Mata Atlântica, os estudos compõem projetos do Programa Biota Fapesp, focados à biodiversidade e seus aspectos de dependência de fatores externos, como o clima, por exemplo.

O principal escopo desses estudos, e particularmente no LBA, diz respeito às mudanças dos usos da terra e do clima e como isso afetará o funcionamento biológico, químico e físico da Amazônia, incluindo sua sustentabilidade e sua influência no clima global.

Estiagens mais freqüentes
O professor explica que esse novo regime do clima é um fator preocupante para os ecossistemas terrestres. — Algumas das conseqüências que as mudanças climáticas globais podem trazer são as mudanças da temperatura e nos regimes de chuvas, mas não há um padrão de resposta linear-, afirma Rocha. — Espera-se que, pelos resultados de modelos climáticos complexos, eventos extremos, como cheias ou períodos de estiagem, ocorram mais freqüentemente, afirma.

Além disso, também são estudados os agroecossistemas, especificamente a cana de açúcar e o eucalipto. — Os agroecossistemas concorrem com uma enorme vantagem em relação aos ecossistemas naturais, porque estão sempre submetidos às técnicas de melhoramento vegetal e alterações genéticas, ações que contribuem para melhorar sua adaptação às mudanças do clima. Já os ecossistemas naturais, a floresta tropical úmida da Amazônia, o cerrado e a floresta tropical da Mata Atlântica, não. Não há uma linha de ação proativa para eles, o interesse econômico não é imediato. Por isso, as perdas podem ocorrer de alguma forma-, considera.

Rocha explica que alguns estudos são realizados em uma escala espacial chamada de escala de comunidade de espécies, ou seja, vários quilômetros quadrados são analisados por meio de 12 torres de fluxos, sistemas eletrônicos de 10 até 100 metros de altura, que medem a quantidade de calor, água e carbono que entra ou sai do ecossistema. Essas medições são realizadas continuamente e os dados são computados a cada meia hora. — Queremos saber como as mudanças climáticas alteram a funcionalidade do ecossistema e como ele vai responder futuramente. Dessa forma, ganhamos na previsibilidade, tornando-nos mais aptos para fazer projeções dos cenários futuros-, avalia o pesquisador. (Com informações da USP)

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