Britânicos pedem ajuda ao princípe Charles para cessar projeto de duto
2005-10-06
Um duto pelo qual se pretende transportar até 40% das importações de gás natural dos britânicos tornou-se recentemente a mais célebre causa ambiental nos propósitos de alguns britânicos, que temem pela preservação da paisagem natural. Ativistas que se opõem ao multimilionário projeto da Transco para puxar gás natural de um novo terminal de gás natural liquefeito (LNG), de South Wales até Gloucestershire, apelaram para o príncipe Charles a fim de que ele interdite o esquema de transporte recusando o acesso à terra, que é de propriedade do Ducado de Cornwall.
A Transco, que é responsável pela manutenção da infra-estrutura de gás na Grã-Bretanha, argumenta que o duto de 180 milhas, de Milford Haven até a área de Tewkesbury, é necessário para atender as necessidades de gás dos britânicos, que estão passando de exportadores para importadores de gás natural. Contudo, os opositores ao empreendimento alegam que ele passará por terras protegidas, incluindo o Parque Nacional de Brecon Beacons e sítios sensíveis localizados às margens dos rios Towy, Usk e Wye.
Os conservacionistas estão preocupados com a possibilidade de o duto passar também por Turnastone Court, uma fazenda de 247 acres no Vale de Herefordshire, caracterizada por sua situação única em termos de pastagens úmidas, isoladas há 400 anos. A fazenda foi preservada das ruínas há cinco anos pela Autoridade de Restauração do País (CRT), após uma doação não especificada feita pelo príncipe Charles.
Segundo Robin Page, secretário do CRT: –Este é um duto que vai passar por uma das áreas mais inexploradas da Grã-Bretanha, quando a mesma infra-estrutura já está substituída no outro lado do país. A fim de construir este duto, terras férteis serão dissecadas, haverá ameaças às reservas de águas e às áreas úmidas mais antigas do país, e serão comprometidas a fauna e a flora. Isto está quase além do que se possa crer.
A área por onde passará o duto também é uma das mais antigas a abrigar dezenas de espécies. A Transco insiste que a rota final do duto – que consiste em um corredor de um quilômetro de largura e 44 metros de profundidade –, após consulta a donos de terras, já foi decidida. O duto terá 1,2 metro de diâmetro e ficará enterrado a esta mesma distância abaixo do solo.
Mas segundo apurou a imprensa inglesa, ele teria uma seção de 33 milhas, indo de Brecon Beacons e cruzando o território que atinge 420 proprietários de terras, que seriam indenizados ao preço de 4 mil libras por acre.
Os ativistas esperam persuadir os donos de terras a não aceitarem as compensações, tentando, assim, bloquear o empreendimento. Conforme Page: – Estamos pedindo aos proprietários de terras vizinhos para agüentarem. Queremos que o príncipe Charles saiba exatamente o que está acontecendo. Ele é uma das poucas pessoas a entender o que está acontecendo nesta parte do país atualmente. Esperamos que o Ducado posicione-se contra o duto, não importa onde ele se localize–.
O Ducado, por sua vez, informou oficialmente, na terça-feira (4/10), que espera a publicação dos planos da Transco. Um porta-voz da empresa disse: –Apreciamos totalmente as análises sensíveis ao projeto da forma como foi criado, e quando a rota tiver sido decidida, vamos discutir em detalhes com aqueles que foram afetados. (Fonte: The Independent, 5/10)