Começa a crescer no Nordeste o movimento de solidariedade ao bispo de Barra (BA), frei Luiz Flávio Cappio, em greve de fome desde o dia 26 de setembro em protesto contra a obra de transposição do Rio São Francisco. Ontem foram celebradas missas em homenagem ao bispo nas paróquias da Bahia e Sergipe.

Hoje, haverá vigílias em várias cidades do Nordeste, que devem se estender até o dia quatro, dia da descoberta do maior rio do Nordeste. No último sábado, frei Cappio foi visitado por um emissário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem manifestou a disposição de permanecer em greve até que o Ministério da Integração Nacional reveja a iniciativa de realizar a obra.

Segundo o governo, a obra mudará face da região ao levar água às populações do sertão, mas o religioso diz que ela trará danos ambientais e sociais irreversíveis ao sertão e ao São Francisco. Para evitar que a obra comece a ser implantada, o bispo só está bebendo água e ameaça ficar sem comer até a morte se a obra não for suspensa.

— A carta do presidente é simpática, mas não aponta nada de concreto que indique o adiamento das obras - disse o frei.

Hoje a CNBB promove em várias capitais do Nordeste vigílias em solidariedade a frei Cappio. Elas acontecerão em frente às sedes do Ibama e próximo a escritórios da Chesf, a companhia hidrelétrica do São Francisco. As vigílias deverão durar 24 horas e haverá caminhadas, missas e rezas. (O Globo, 03/10)